PEPLUM 2 : Os Filhos dos Deuses Atacam!

 

Encerramos o prolífico ano de 1961 com comédias pepla, e começamos 1962, com...terror!

"Maciste all'inferno" ( Maciste no Inferno / The Witch's Curse, IT 1962) de Riccardo Freda

No século XVI, uma bruxa é queimada na Escócia e lança uma maldição sobre os habitantes antes de morrer. 

Cem anos depois, a árvore à qual ela foi acorrentada e queimada ainda está de pé, sem que ninguém ouse destruí-la. A maldição permanece e força as mulheres a cometer suicídio. A descendente da bruxa, Martha Gunt (Vira Silenti),  herda o castelo da família, mas os moradores imediatamente formam uma multidão e invadem sua nova casa...

Ao ser colocada em uma cela de prisão, e sentenciada a ser queimada por bruxaria, Maciste (Kirk Morris) aparece para lutar contra o mal. Quando ele arranca a árvore amaldiçoada, ele encontra uma entrada para o Inferno, onde  tenta rastrear a bruxa original para acabar com a maldição para sempre...

No submundo, Maciste cruza com almas condenadas, enfrenta um leão (?!)...

... e é enganado pela bruxa, que o faz esquecer sua missão. Depois de ser atacado por serpentes, ele resgata Prometeus (Remo De Angelis) da águia que o está usando como almoço. 

Em gratidão, o titã o ajuda a recuperar sua memória  (mostrando clipes de quatro filmes anteriores com o personagem, nenhum dos quais estrelado por Morris)...

Uma mistura incomum de horror gótico e Peplum, com caça a bruxas, fogueira, maldição, viagem ao inferno, e as façanhas  do musculoso Maciste .

 O veterano diretor Riccardo Freda fez clássicos do terror italiano, Eurospy, Spaghetti Westerns, Peplum, e Gialli, e colaborou com seu amigo Mario Bava, que havia 'mandado Hércules para o inferno' em 1961...

A versão em inglês "The Witch's Curse" foi lançada como um filme de terror 'puro', escondendo em seu material promocional suas raízes de 'espada & sandália'...

p.s. Maciste já havia feito uma viagem 'quente' em "Maciste all'Inferno" (1925) de Guido Brignone; mas o filme mudo estrelado pelo precursor Bartolomeo Pagano, tinha um roteiro bem diferente...

          https://www.youtube.com/watch?v=nFjh_XSiRlk

"Marte, Dio Della Guerra" (Marte, O Deus da Guerra / Venus Meets the Son of Hercules, IT 1962) de Marcello Baldi

A cidade grega de Telbia, é sitiada por invasores da África Negra comandados por Afros (John Kitzmiller )...

... e corre o risco de ser derrubada, apesar dos aparentes esforços do governante Antarus (Massimo Serrato). Então, o Olimpo ouve o pedido desesperado dos Telbianos, e um guerreiro em armadura dourada desce à Terra para derrotar as forças inimigas. Este guerreiro prova ser ninguém menos que Marte, Deus da Guerra (Roger Browne), mas ele esconde sua origem imortal. 

Afros é morto em um duelo com Marte e seu exército é espalhado durante um cerco, mas a bela e  jovem virgem vestal Daphne (Jocelyn Pista, assinando Jackie Lane) é raptada. Depois de salvar Daphne, Marte relutantemente retorna ao Olimpo para se reunir com Vênus (Michèle Bailly) , a quem ele acusa de enganá-lo para se parecer com Daphne na Terra. Vênus liberta Ares, explicando que sua beleza e graça existem em todas as mulheres mortais, incluindo Daphne, por quem ela reconhece que Marte está profundamente apaixonado. 

Marte retorna à Terra a tempo de saber que Daphne foi condenada a ser sacrificada para 'o Grande Pagondo', um monstro vegetal carnívoro...

.... e que Antarus é o culpado pela invasão, dentro de seus planos de se tornar rei. Daphne é mortalmente atingida por uma flecha por Antarus, que seguiu Marte para matá-lo. Os dois lutam e Antarus é posteriormente encurralado e devorado pela planta monstruosa. Reconhecendo o amor eterno de Marte por Dafne, Júpiter responde à prece de seu filho e poupa sua vida, reunindo os dois no Olimpo...

Argumento interessante, com o deus da Guerra Marte (normalmente um personagem maldoso em muitos filmes), arriscando sua divindade por uma mortal. Primeiro Peplum do roteirista/diretor Bldi, que depois se especializou em épicos bíblicos, como "Saul e David" (1964). No entanto, Baldi , possivelmente por causa de sua inexperiência ou desinteresse neste subgênero,  executou um trabalho que tinha um bom potencial, mas errou o alvo. O filme depois muitas cenas sem nenhum interesse, e subtramas que não se desenvolvem. Assim mesmo é um passatempo razoável, e tem ótima cenografia e bom elenco.  

O título americano consegue transformar o Imortal em 'filho de Hércules', e coloca a deusa Vênus em um destaque que ela não tem na trama. Roger Browne (1930-2024) foi fisioterapeuta, e foi para a Itália trabalhar nas Olímpiadas de Verão de 1960. Acabou no cinema, onde apareceu em inúmeros pepla, e repetiu o papel do Deus Marte em "Vulcano, O Filho de Júpiter", no mesmo ano...

      https://www.dailymotion.com/video/x4rlcd4

"Ulisse Contro Ercole" (Ulisses Contra Hércules / Ulysses Against the Son of Hercules,  IT/ FR 1962) de Mario Caiano

Ulisses (Georges Marshal) ofende os deuses ao cegar o ciclope, Polifemo. Hércules (Mike Lane) é encarregado de levá-lo à justiça ( para servir ao ciclope que cegou), mas o semideus tem seus próprios problemas. O amor de sua vida,  a Princesa Elena (Alessandra Pinaro), está prestes a se casar com o desprezível Príncipe Adrasto (Raf Baldassarre) depois que seu pai ajudou a salvar o reino de Ircano. 

Os dois heróis acabam naufragando em uma praia deserta, e  acabam à mercê da Rainha do Povo Pássaro ( Dominique Boschero ) que planeja sacrificá-los a um abutre gigante.

 Mas,  ela não consegue resistir aos encantos dos heróis musculosos, então decide se casar com um deles. Só que ela não consegue escolher, então eles têm que lutar até a morte primeiro!

Mais tarde, eles escapam, mas Ulisses acaba nas mãos do sádico Lagos (Gianni Santuccio), Rei dos Moradores das Cavernas, um bando de trogloditas monstruosos...

...Lagos quer usar a habilidade de Ulisses em estratégia para ajudá-lo a conquistar a cidade de Helena, e quer que ele construa asas que podem ajudar seus guerreiros a voar como pássaros (?!).

Hércules continua sua jornada e chega à Grécia, indo até o pai de Elena para montar uma expedição contra o povo monstro que quer matar Ulisses.

O roteirista Mario Caiano estreia na direção, rompendo um pouco com a fórmula pepla tradicional. Para variar, ele (principalmente) evita os aspectos mais patetas do gênero para entregar uma aventura direta (com cenários magníficos, filmados nas Ilhas Canárias, na Espanha) que é abarrotada de uma quantidade improvável de enredo, humor e muita, e muita, ação. Os dois protagonistas também são diferentes no gênero- o americano grandalhão Mike Lane (1933-2015) ficou mais conhecido por interpretar monstros em filmes e séries de TV, e o francês Georges Marchal, foi principalmente ator em filmes de drama (incluindo o clássico "A Bela da Tarde" de Luis Bunuel) , apesar de ter atuado no épico "O Colosso de Rhodes" (1961)...

 O filme foi lançado nos Estados Unidos em 1964, como "Ulysses Against the Son of Hercules", dublado,  com um tempo de execução menor, e Hércules acabou virando 'seu filho' (!?). 

O 'mistério' para os diversos títulos americanos com "Son of Hercules", foi por conta que, embora muitos dos pepla de maior orçamento tenham sido lançados nos cinemas nos EUA, quatorze deles foram comprados pela Embassy Pictures Television e lançados em um pacote de TV chamado "The Sons of Hercules". Como poucos espectadores americanos tinham familiaridade com heróis do cinema italiano como Maciste ou Ursus, os personagens foram renomeados e os filmes redublados e remontados, juntando a mesma música -tema de abertura e encerramento e uma narração em off projetada que tentava vincular o herói de cada filme ao mito de Hércules. 

              https://www.dailymotion.com/video/x94oq4i

"Maciste Contro i Mostri" (Maciste Contra os Monstros / Fire Monsters Against the Son of Hercules, IT/ IUG 1962) de Guido Malatesta

Durante os últimos dias da Era Glacial, a tribo pré-histórica do Povo do Sol errante,  encontra um vale habitável e constrói uma vila. 

O líder Dorok (Demeter Bitenc) aguarda ansiosamente o casamento de seu filho, Aydar (Luciano Marin), com a ruiva Raya (Birgit Bergen). No entanto, um monstro gigante do lago quase mata os jovens amantes enquanto eles coletam lenha. Felizmente, o estranho errante Maciste (Reg Lewis) vem em seu socorro com sua lança .

No entanto, assim que se casam, a vila é invadida por uma tribo do Povo da Lua liderada pelo bárbaro Fuan (Andrea Aureli), que mata a maioria de seus homens e sequestra as mulheres, incluindo Raya. 

Com seu pai morto, Aydar assume o comando da tribo do Sol e Maciste se junta a eles em uma tentativa de rastrear os bárbaros  e resgatar as mulheres. Maciste explora à frente, enfrenta um monstro em uma caverna, mas é ferido em uma luta com uma criatura subaquática com muitas cabeças.

 Felizmente, ele é descoberto por Moah (Margaret Lee), a legítima líder do Povo da Lua, cuja família foi massacrada por Fuan.

Aventura incomum para o musculoso herói Maciste, que troca as armadilhas usuais da Grécia e Roma antigas por façanhas heroicas em um cenário pré-histórico, o que é diferente, permitindo que o filme deixe de lado a maioria dos clichês usuais do Peplum. O fisiculturista Reg Lewis (Reginald Bernie Lewis 1936 – 2021) assume a tanga, em seu único Peplum de sua curta carreira.  "Maciste Contra os Monstros" foi uma coprodução entre a italiana Euro International Film e a iugoslava Caserbib, rodado em estúdios em Roma e em locações nas cavernas de Liubliana, na Eslovênia . 

Na (péssima) versão em inglês "Fire Monsters Against the Son of Hercules", Maciste é chamado de 'Maxus', referindo-se a ele como filho de Hércules. 

          https://www.youtube.com/watch?v=l8IF5PYQZkY

 "Vulcano, figlio di Giove" (Vulcano, O Filho de Júpiter,  IT 1962) de Emimmo Salvi

 

Uma competição entre o deus da guerra Marte (Roger Browne) e o deus ferreiro Vulcano (Rod Flash Ilush) pela mão da frívola deusa do amor Vênus (Annie Gorassini), irrita Júpiter (Furio Meniconi), o governante do pacífico Olimpo. Então ele tira os poderes divinos de todas os três imortais e as joga na Terra. 

Marte não aceita esse exílio, e ele e Vênus fazem um pacto com um exército de mortais trácios para construir uma torre alta o suficiente para invadir e dominar o Olimpo, e eles encontram apoio com o deus da morte Plutão (Gordon Mitchell)

Enquanto isso, Vulcano cai na Terra sozinho, faz contato com o deus do mar Netuno (Omero Gargano), e recebe socorro de suas filhas, as belas ninfas do mar. Uma das ninfas é Etna (Bella Cortez), uma mulher deslumbrante que o tempo todo fala e age como uma mortal, embora ela aparentemente tenha o nome da montanha vulcânica onde Hefesto (Vulcano na sua versão original grega) mantinha sua forja.

 Logo, eles são emboscados e capturados por monstruosos Homens- Lagarto. Vulcano e as moças são levados para conhecer o Rei Lagarto, que se gaba que agora pode se vingar de Júpiter por transformá-los assim, matando seu filho. Netuno interfere, e Vulcano mata seu captor. 

Etna segue Vulcano enquanto ele tenta interferir no esquema maligno de Marte e praticamente faz Vulcano esquecer Vênus. 

A estreia na direção do diretor/ roteirista Salvi tem uma pequena distinção por ser um dos poucos filmes em que a maioria dos personagens principais são divindades, dado que, na maioria dos pepla, os deuses são relegados a papéis coadjuvantes. 

Um belo enredo, e que merecia uma produção maior, e um roteiro melhor- apesar da presença constante dos deuses do Olimpo, as ações são todas clichês do gênero.

 O filme foi parcialmente filmado no Irã, terra de Ilush Khoshabe (1932–2012) um fisiculturista iraniano, conhecido no cinema como Rod Flash Ilush, ou Richard Lloyd, e que possivelmente tenha sido o pior ator de toda a história do Peplum.

p.s. no cartaz brasileiro da época, o nome do rei dos deuses foi grafado como 'Jupter' (!?!).

     https://www.youtube.com/watch?v=czkQpbmh6gk

"Arrivano il Titane" (Os Filhos do Trovão/ My Son, the Hero,  IT/FR 1962) de Duccio Tessari

Cadmo, Rei de Creta (Pedro Armendariz) e sua esposa Ermione (Antonella Lualdi) cometem vários crimes e desafiam os deuses - ele se autoproclama o Deus de Creta . 

Uma maldição  diz que ele morrerá quando sua filha Antíope se apaixonar por um homem, então ele decide isolá-la para que ela não encontre nenhum. 20 anos depois, Antíope (Jacqueline Sassard) é uma bela mulher, e os deuses decidem libertar o Titã  Krios (Giuliano Gemma) do Hades para que ele possa tentar encontrar a princesa isolada e trazer o destino do rei. 

Krios acaba se apaixonando por Antíope, e ao tentar matar Cadmo, descobre que ele se tornou invulnerável. Krios volta furtivamente para Hades para roubar o capacete de Plutão, que o torna invisível, mas ao voltar descobre que seu amor foi movido para uma ilha guardada por uma Górgona. 

Depois de enfrentar a mulher monstro com olhar petrificante, Krios resgata sua princesa, mas Cadmo e Ermione ganham vantagem novamente. Krios então reza para Zeus, e o Rei dos deuses libera os outros oito Titãs do Tártaro para prestar ajuda. 

Com a assistência  bem-vinda de seus irmãos, do amigo escravo Ratos (Serge Nubret), e alguns dos raios de Zeus comprados de um armeiro ciclope, Antíope é salva,  o maligno rei enviado para o reino dos mortos...

Ducio Tessari, roteirista de uma dezena de pepla, estreia dirigindo no gênero, com uma abordagem leve, e encontra um bom equilíbrio entre ação, aventura, fantasia e muito humor. Ele adota uma abordagem um pouco diferente dos outros; o herói aqui não é extremamente forte, mas é muito inteligente e usa sua inteligência para atingir seus objetivos. 

O dublê Giuliano Gemma (1938-2013) teve aqui seu primeiro papel principal, retornou em mais alguns filmes do gênero, até ser dirigido pelo mesmo Ducio Tessari em "Una Pistola per Ringo" (1965), tornando-se a partir de então uma das maiores estrelas dos Spaghetti Westerns...

        https://www.youtube.com/watch?v=xrSle-EpGiU

 "Perseo L’lnvincibile" ( Perseu , o Invencível /The Medusa Against The Sons of Hercules / Perseus Against the Monsters,  IT / ESP 1963) de Alberto de Martino

O príncipe Alcaeus de Sérifo (Ángel Jordán) tenta abrir rotas comerciais fechadas pelas forças hostis de Argos. Infelizmente, seu grupo é dizimado por um monstro marinho e os sobreviventes são transformados em pedra pela lendária Medusa. 

Seu pai tenta (Roberto Carmadiel) forjar uma aliança entre os reinos em guerra oferecendo sua linda filha Andrômeda ( Anna Ranalli) em casamento. Entra na disputa o pérfido Príncipe Galenore (Leo Anchéraz), e um jovem guerreiro desconhecido, chamado Perseu (Richard Harrison). 

Após partidas de arco e flecha, luta livre e concurso de poses, Perseu é declarado  vencedor, mas ele recusa a mão de princesa devido à situação política. Em vez disso, ele aceita um emprego como chefe da guarda no palácio. Acontece que Perseu é na verdade o verdadeiro rei perdido de Argos, embora ninguém saiba disso, e ele e Andrômeda acabam desesperadamente apaixonados , enquanto o covarde Galenore, acariciando sua barba, trama um plano de sequestro...

Mais tarde, Perseo tem que lutar contra o dragão gigante do lago, e enfrentar a monstruosa Medusa. Quando ele consegue esfaquear a criatura em seu único olho, seu exército de guerreiros de pedra revive — o que não acontece em nenhum mito clássico da Medusa — e ajudam Perseu a vencer seus inimigos e ganhar Andrômeda.

Coprodução Itália/Espanha baseada livremente na lenda de Perseus e Andrômeda, com um roteiro surpreendente coerente, e monstros mitológicas impressionantes para a época. Os efeitos que dão vida a Medusa, retratada como uma criatura errante, parecida com uma árvore com um único olho brilhante...

... foram criados pelo espanhol Amando De Ossorio, ( famoso mais tarde como criador da série dos mortos-vivos cegos templários), e lembra uma monstro 'Lovecraftiano' ...

... e foi construído, assim como o impressionante (mas com movimentos limitados) dragão por Carlo Rambaldi, que mais tarde trabalhou em  King Kong, Alien e ET: O Extraterrestre.

 

 O ator americano Richard Harrison (nascido em 26 de maio de 1936) fez diversas pontas em filmes americanos do cinema e TV, e depois trabalhou em filmes B europeus durante as décadas de 1960 e 1970, e filmes de exploração do início dos anos 1970. Seu primeiro filme italiano e primeiro papel principal foi no Peplum " Il gladiatore invincibile" (O Gladiador Invencível, IT/ESP 1961), de Alberto De Martino e Antonio Momplet.

O título da versão americana exibida na TV, e depois lançada em vídeo, faz a típica bagunça, promovendo Perseus como um dos 'Filhos de Hércules' (!?!)

          https://www.youtube.com/watch?v=oj1xucwtLZY

"Ercole sfida Sansone" (Hércules, Sansão e Ulisses, IT 1963) de Pietro Francisci

Uma monstruosa besta marinha está atacando barcos e assassinando os pescadores de Ítaca. O lendário Hércules (Kirk Morris = Adriano Bellini) e uma tripulação de bravos guerreiros - incluindo seu  jovem amigo Ulisses (Enzo Cerusico) - rastreiam a criatura durante uma tempestade e a matam, mas naufragam em uma costa estranha.

 Enquanto tentam chegar ao porto marítimo mais próximo para obter um novo navio, os camaradas são feitos prisioneiros pelas autoridades quando Hércules é confundido com o rebelde Sansão (Iloosh Khoshabe, anunciado aqui como Richard Lloyd) , que tem uma recompensa por sua cabeça...

 Isso significa problemas com as autoridades locais, especificamente o cruel rei Seren dos filisteus (Aldo Giuffrè), cujos soldados se divertem queimando vilas e matando a população. O verdadeiro poder por trás do trono, no entanto, é a rainha devoradora de homens de Giuffrè, Delilah (Liana Orfei). 

Ela convence seu rei a enviar Hércules atrás de Sansão com sua tripulação mantida como reféns, preparando assim a batalha entre os dois poderosos, nas ruínas de um templo...

Peplum profissional e bem feito, mas, sem os elementos mitológicos, não é nada de especial. A ação é encenada com competência, e a luta entre os heróis prova ser um dos pontos altos do filme. Em termos de ação, só é rivalizada pelo colapso climático do templo durante o grande final.

         https://www.youtube.com/watch?v=xHwWphIztbw

"Jason and the Argonauts" (Jasão e o Velo de Ouro, USA / UK, 1963) de Don Chaffey. 

O Rei Pélias ( Douglas Wilmer) usurpa o trono da Tessália , matando o rei Aristo e suas filhas. O filho pequeno de Aristo, Jasão, é levado embora por um dos soldados, e como uma de suas irmã orou a Hera (Honor Blackman) antes de ser morta, Zeus (Patrick Niall MacGinnis ) decreta que a deusa pode auxiliar Jasão - mas apenas cinco vezes. 

Vinte anos depois, Jasão (Todd Armstrong) volta, e salva Pélias de se afogar em um rio, um 'acidente' orquestrado por Hera. Pélias reconhece seu inimigo, e teme uma profecia que afirma que um dos filhos de Aristo o vingará. 

Jasão pretende procurar o lendário Velocino de Ouro, que tem o poder de trazer paz e livrar a terra das doenças. O rei, que espera que Jasão morra na busca, o encoraja a partir, e coloca secretamente seu filho Acastus (Gary Raymond) para sabotar a viagem.  Com a ajuda de Hera, Jasão constrói o navio Argo, realiza Jogos para selecionar uma tripulação - entre os selecionados, o poderoso Hércules (Nigel Green) - e então parte em uma jornada para a ilha de Cólquida. 

Jasão e sua tripulação de 'Argonautas' encontram e enfrentam muitas criaturas incríveis, como o gigante de bronze Talos...

.... as famintas Harpias...

.... a Hidra de Lerna, e um exército de esqueletos guerreiros revividos... 

...tudo com a interferência direta dos deuses do Olimpo, ajudando, ou atrapalhando...

Resposta do animador stop-motion Ray Harryhausen e do produtor Charles Schneer ao interesse nos mitos gregos despertado pelo ciclo Peplum. Em contraste aos outros filmes do gênero, "Jason and the Argonauts" tem uma ótima produção, música de Bernard Herrmann, e os efeitos especiais extraordinários de Harryhausen. O roteiro toma liberdade com os mitos gregos originais, e com o poema épico 'Argonautica' de Apollonius Rhodius, e não é diferente nesse aspecto dos filmes italianos. Em uma aparente brincadeira com o gênero, o personagem mais icônico, Hércules, é coadjuvante, e na interpretação de Nigel Green, é envelhecido, e bonachão; assim como Niall MacGinnis faz um Zeus rechonchudo e involuntariamente absurdo.

A lenda de Jasão e o Velocino de Ouro foi conduzida anteriormente nos pepla "La Fatiche di Ercole" (1958), e " I giganti della Tessaglia (Gli Argonauti) de 1960, o que faz um contraste interessante, estando em polos opostos em termos de qualidade e imaginação ao Jasão de Harryhausen.

                https://m.ok.ru/video/2123290511957

"Gli Invicibili Fratelli Maciste" (Os Invencíveis Irmãos Maciste / The Invincible Brothers Goliath and Maciste, IT 1964) de Roberto Mauri

 Os  irmãos Maciste - o mais velho (Richard lloyd/ Iloosh Koshabe), e o jovem (Tony Freeman / Mario Novelli) estão carregando blocos gigantes de pedra a serviço do Príncipe Akin (Anthony Steffen) ...

...que está construindo um templo para bajular os deuses antes de seu casamento com a princesa Jana (Ursula Davis). Uma misteriosa caverna dá início a acontecimentos estranhos na Cachoeira dos Deuses!

A  princesa é emboscada, sequestrada pelos terríveis Homens Leopardo e levada por uma entrada secreta para o mundo subterrâneo onde a louca, e depravada Rainha Thaliade (Claudie Lange) pratica controle mental, e força sua população escrava a girar continuamente uma roda d'água para que seu reino funcione. 

Ela tem um plano aterrorizante, e coloca a princesa sob seu feitiço e então a envia de volta à superfície para fazer o que ela quer! Os poderosos Maciste precisam lutar contra os homens -leopardo, resistir ao encanto e veneno de lindas vilãs, libertar a princesa, e garantir a festa de casamento...

Peplum divertido, mas bastante tolo. A produção de baixo orçamento é visível nos cenários 'subterrâneos' de papelão, e nas ridículas fantasias do povo- leopardo. 

O diretor Roberto Mauri (1924-2018) começou como ator, estreou por trás das câmeras com o terror "La Strage dei Vampiri" (1962), e depois fez diversos Spaghetti Westerns.  O elenco conta com Anthony Steffen ( Antonio Luiz de Teffé von Hoonholtz , 1930 - 2004),  ator, roteirista ítalo-brasileiro (nascido na embaixada brasileira em Roma, de uma família nobre brasileira) que alcançou fama como protagonista em inúmeros faroeste spaghetti. O 'jovem' Maciste foi vivido por Mario Novelli (1940 - 2016), assinando Tony Freeman, um prolífico ator que atuou em todos os gêneros, mas, começou com sete filmes Peplum...

         https://www.youtube.com/watch?v=AXuOmVl5J1g

"Maciste e la Regina di Samar" Hercules Against the Moon Men / Maciste e a Rainha de Samar, IT/ FR 1964) de Giacomo Gentilomo

Uma rocha lunar cai na Terra , próxima a cidade de Samar, na Grécia antiga.  Monstruosas criaturas de pedra emergem e tomam conta do monte próximo, que é conhecido como 'A Montanha da Morte'. 

A Rainha Samara (Jane Clair) institui sacrifícios dos moradores locais para esses 'Homens da Lua'. O conselheiro de Samara, Claudius (Nando Tamberlini), implora que ela peça ajuda a Maciste, e quando ela se recusa, ele mesmo procura o herói. Quando Maciste (Alan Steel / Sergio Siani)  chega, Samara planeja matá-lo como parte de seu esquema para sequestrar e sacrificar sua própria irmã, a Princesa Billis (Delia Dalbertini), para que a rainha dos Homens da Lua, Selena (Dalberti em papel duplo), possa retornar à vida...

Três anos depois fez o clássico "Maciste contro il vampiro" , Giacomo Gentilomo voltou a dirigir o homem forte Maciste. E, com um projeto com características muito semelhantes , enquadrado novamente no âmbito do fantástico. Se antes ele teve que lidar com um vampiro aliado a um monarca vil, neste, nossa protagonista deve fazer o mesmo com um grupo de alienígenas que, em conluio com a rainha local, espalham o terror em uma cidade próxima.

Esta combinação bizarra de peplum e ficção científica, é tola, mas divertida, e tem o indomável Maciste lutando contra uma coleção de monstros lunares (os homens de pedra, e uma criatura peluda estilo lobisomem /gorila) antes que o cataclismo inevitável destrua os invasores. 

Em um toque inventivo , as sequências que acontecem no reino dos Homens da Lua são filmadas em tom sépia, em vez de cores... ou 'Cosmicolor', como declarado no material publicitário americano.

Apesar de ser um híbrido Peplum & Sci-fi, todos os elementos do primeiro gênero prevalecem, e as criaturas, incluindo um ser prateado com cabeça de metal (um robô ?) poderiam ser de origem sobrenatural/ mitológica.  

Lançado na Espanha como "Maciste contra los Fantasmas", a versão remontada e dublada em inglês, novamente renomeou o herói como Hércules, e destacou o elemento de invasão alienígena no título "Hercules Against the Moon Men"...

                   https://www.dailymotion.com/video/x222v81

"Ursus, il terrore dei kirghisi" (Hercules- Prisioner of Evil / Ursus, Prisioneiro de Satanás, IT 1964) de Antonio Margheriti  e Ruggero Deodato 

Depois de tomar o trono de Sura após o misterioso assassinato do Grande Khan muitos anos antes, o Príncipe Regente Zereteli (Furio Meniconi) está se sentindo ansioso, porque sua prima, a Princesa Amiko (Mireille Granelli), atingirá a maioridade em alguns meses. Então ele terá que abdicar em seu favor, pois ela é filha do Khan, e não está interessada em casamento porque está ocupada namorando Ursus (Reg Park), o líder dos Cherkes.

Ursus também tem uma linda criada loira Kato (María Teresa Orsini), que foi resgatada por ele quando ambos eram crianças e ela foi encontrada vagando, sua memória perdida. Ela foi adotada pela tribo e tem cuidado de Ursus desde então. Ela claramente o ama em segredo.

Enquanto isso,  uma criatura feroz - que chamam de monstro- um homem de grande força, com feições distorcidas e desfiguradas, está  matando os aldeões, apesar das tentativas de Ursus de caçá-lo.

  Zeretili aproveita o pânico causado para alegar que Ursus está por trás do monstro, e usando isso como uma desculpa para reprimir duramente os Cherkes e fortalecer sua posição real.

Ursus acaba ferido e inconsciente, e seu irmão Ilo (Ettore Manni ), que não é forte, mas muito inteligente se familiariza com as artimanhas de Aniko e começa a resolver o mistério do monstro. Pode ter algo a ver com o vinho que ela serve em sua caverna secreta onde realiza seus encontros com Ursus...

Peplum com elementos de terror, de Antonio Margheriti (como Anthony M. Dawson), finalizado por seu assistente de direção, Ruggero Deodato (não creditado), que substituiu Margheriti que estava ocupado com a conclusão de outro filme do gênero "Il Crollo di Roma" ( A Queda de Roma, 1963) . Um Peplum bastante interessante por possuir reviravoltas surpreendentes no final (algo nada comum no gênero), que envolvem identidades escondidas, uma bruxa, e uma poção capaz de transformar um homem comum em uma fera estilo 'lobisomem'...

     https://www.youtube.com/watch?v=HLaS3apn9WM

"Ercole l'invincibile" (Hércules Contra o Império dos Elefantes / Son of Hercules in the Land of Darkness,  IT 1964) de Alvaro Mancori

Hércules (Dan Vadis) salva Teica (Spela Rozin), filha do Rei Tedaeo (Ugo Sasso), do ataque de um leão.

 Em gratidão, o Rei oferece a mão dela em casamento, mas somente se o herói  puder matar um dragão que tem devastado parte de seu reino. Hércules mata o monstro com uma lança mágica fornecida por uma profetisa local (Olga Sobelli)...

... mas quando  retorna, ele descobre que Tedaeo foi derrubado e aprisionado, junto com Teica, por um povo guerreiro conhecido como os 'Demulus' que governam de uma cidade dentro de uma montanha. Hércules se infiltra na cidade, mas é capturado e sentenciado pela cruel Rainha Etel (Carla Calò) a ser dilacerado por elefantes. 

Hércules sobrevive a esta provação e Etel sugere uma aliança entre eles, mas então ela é morta pela ciumenta Melissia (Maria Fiore), que se torna a nova rainha dos Demulus. Com a ajuda do diminuto e covarde Barbar (Jon Simons), Hércules liberta os seguidores do Rei Tedaeo e então libera um fluxo de lava na cidade maldita...

Peplum muito divertido, e com uma produção barata. Várias sequências utilizam cenas de arquivo de outros filmes, notoriamente a breve batalha com o dragão - é utilizado a cena com o monstro desengonçado de "La Vendetta di Ercole" (Goliath and the Dragon, 1960)...

... e é possível notar a diferença na cor da roupa do herói que mata a criatura. Na versão americana, distribuída pela Embassy Pictures de Joseph E. Levine, a cena foi  substituída pela filmagem do dragão tirada de "Hércules" (1958), de Pietro Francisci, que Levine também distribuiu nos EUA.

Ercole, ou Hércules, é interpretado por Dan Vadis, descendente de gregos, nascido na China (em 1938) com o nome de Constantine Daniel Vafiadis. Ele serviu na Marinha dos EUA e estreou no cinema com a ajuda do colega fisiculturista Gordon Mitchell. Depois de algumas participações pepla, ele fez a transição para Spaghetti Westerns e mais tarde foi um rosto familiar em pontas  em alguns  sucessos de Clint Eastwood dos anos 1970. O trabalho secou depois disso, e ele foi encontrado morto em seu carro no deserto em junho de 1987 após uma overdose acidental de drogas. 

A princesa Teica foi vivida por Špela Rozin (nascida em 31 de janeiro de 1943) uma atriz eslovena que se tornou famosa no cinema da Iugoslávia. Špela apareceu em mais de quarenta filmes desde 1959 e também foi muito popular na Itália por causa dos muitos filmes Peplum que fez lá antes de retornar à Iugoslávia.

Alvaro Mancori foi o diretor de fotografia do crossover de horror peplum "Maciste contro il  Vampiro", e dezenas de outros filmes, e esta foi sua estreia na direção. 

     https://www.youtube.com/watch?v=3pj-L2ucaGc

         https://www.dailymotion.com/video/x4juwon

"Roma contro Roma" (War of the Zombies, IT 1964) de Giuseppe Vari

Na Armênia ocupada pelo exército romano, o líder do culto da Deusa da Lua, Aderbad (John Drew Barrymore) está trabalhando com o governador Lutetius (Mino Doro) e sua esposa enganosa Tulli (Suzy Anderson) em uma trama política diabólica. 

O centurião Gaius (Ettore Manni) é enviado para proteger os interesses do senado, e descobre que o culto pratica sacrifícios humanos e escravizou grande parte da população local. O plano do sinistro Aderbad é ressuscitar os cadáveres dos soldados romanos mortos em batalha, para formar um exército de mortos-vivos com o objetivo de conquistar Roma.

Com a ajuda da linda escrava Rhama (Ida Galli), Gaius tenta frustrar o esquema de Aderbad, levando a uma batalha furiosa entre os guerreiros vivos e os zumbis 'espectrais'...

 Peplum com elementos de fantasia e terror, penúltimo filme da produtora Galatea Studio (produtora dos primeiros clássicos de terror de Mario Bava, e do "Hércules" de 1958, entre outros pepla). Apesar da presença do ator americano John Drew Barrymore ( filho de John Barrymore e pai de Drew Barrymore), o filme é de baixo orçamento, e utiliza cenas de batalhas tiradas de outros filmes da produtora. Na batalha dos legionários 'vivos' (e aliados nativos) contra seus camaradas revividos, usando as já mencionadas tomadas de estoque, são adicionadas transparências de soldados espectrais, todos envoltos em filtros de cores enevoadas...

"Roma contra Roma" tem roteiro de Piero Pierotti e Marcello Sartarelli. Talvez seja uma coincidência, mas, Pierotti escreveu e dirigiu um Peplum com um título muito semelhante,  "Ercole contro Roma" (Hércules Contra Roma, 1964 ),  estrelado por Alan Steel, embora desprovido de quaisquer elementos fantásticos.

         https://www.youtube.com/watch?v=gvfLyx9TUbI

"Il trionfo di Ercole" (Hercules vs. The Giant Warriors/ O Triunfo de Hércules, IT/FR 1964) de Alberto de Martino

  O Rei Pandeone (Gaetano Quartararo) é assassinado por seu ganacioso sobrinho Milo (Pierre Cressoy). Com seu último suspiro, o rei encarrega o aldeão Erlone (Jacques Stany) de buscar Hércules, que se encontra nas margens do Helesponto, construindo um templo para Hera. 

Para garantir sua vitória, Milo procura sua mãe, Pasiphae (Moira Orfe) , que vive em uma caverna e é uma mestra das 'Artes Negras'. 

Ela o ajuda com um presente, uma faca sagrada que pode invocar os 'Sete Filhos da irmã de Juno'. Mas primeiro Milo tem que manter as aparências, então ele organiza um torneio onde os guerreiros mais poderosos do reino podem competir pela mão da filha do falecido rei, a princesa Ate (Marilù Tolo). Depois de várias lutas, Hércules aparece e facilmente derrota o campeão, além de salvar a princesa de uma armadilha mortal.

Então Milo utiliza a faca sagrada, e aparecem os ferozes guerreiros 'gigantes' dourados ...

Dan Vadis retorna após "Ercole l'invincibile" (1964) para flexionar seus músculos ​​e lutar contra as forças das trevas, agora sem a barba falsa.  O filme retém os aspectos mitológicos empregados na primeira apresentação de Vadis, e isso ajuda a tornar a experiência  mais agradável, já que o filme teve nitidamente um orçamento menor do que as entradas anteriores da série. 

Os cenários são em uma escala menor, e há menos extras para preenchê-los. Ainda assim, o diretor de Martino mantém  um ritmo rápido e oferece um nível razoável de ação e aventura.

Dan Vadis está melhor como ator, e teve que fazer suas próprias acrobacias, lutas e cavalgadas, pois aparentemente não havia dublê grande o suficiente para substituí-lo!

        https://www.youtube.com/watch?v=5PrNR_YRdTU

 Essa época foi descrita pelo historiador de cinema Tim Lucas  como o início do fim do ciclo peplum - "uma vítima do crescente movimento Spaghetti Western", 

...mas...continua...

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                                                                FONTES:

- Arquivos do autor

- IMDB

- Wikipédia - https://en.wikipedia.org/wiki/Sword-and-sandal

- Peplum TV -

 https://www.peplumtv.com/p/peplum-introduction.html

- MORIA - https://www.moriareviews.com/theme/peplum

- Greek Gods Paradise- https://greekgodsparadise.com/2017/03/24/40-sword-and-sandal-peplum-movies-based-on-greek-mythology-and-history/

- Facebook - The Golden Age of the Italian Peplum -

https://www.facebook.com/groups/382206485275207

-Search my Trash - https://www.searchmytrash.com/index.htm

- The Antonio Margheriti Blog - http://blogheriti.blogspot.com/