sexta-feira, 23 de maio de 2025

Horror BRASIL - 4




BRASIL

O país estava sob o comando do General Ernesto Geisel (entre 1974 e 1979), e ainda sofrendo com a Ditadura Militar, mas, existia o início de uma abertura política e amenização da repressão imposta, apesar das mortes por tortura, desaparecimentos e censuras...


"Inferno Carnal" (1977) de José Mojica Marins. 



 O cientista Dr. George Medeiros (José Mojica Marins) passa muito tempo em seu laboratório desenvolvendo a fórmula de um poderoso ácido...





Sua negligenciada esposa Raquel (Luely Figueiró), se envolve com o amigo Oliver (Oswaldo De Souza), e os dois planejam o assassinato de George, para ficarem livres e com sua fortuna. Ela invade o laboratório, encontra o ácido experimental, e o joga sobre o marido, que grita de dor com o rosto em carne viva...



 ... e  Oliver incendia o laboratório presumindo que o cientista morrerá queimado




                 'RAQUEEEEEELLLLLLLLLLL!!!!!'


George consegue sobreviver, e passa oito meses no hospital antes de receber alta. Durante esse tempo, Oliver gastou quase todo o dinheiro, jogando, promovendo festas , pagando prostitutas, e gastando com outras mulheres.



 Então, um dia, uma das amantes de Oliver decide matá-lo, deixando Rachel sozinha, quebrada e desesperada. Ela fica então compreensivelmente surpresa quando o marido que ela tentou assassinar começa a pagar por todas as suas necessidades e demonstra compaixão à distância. Terrivelmente deformado pelo ataque, e usando uma máscara estranha ele não a deixa vê-lo, e permite que seus empregados façam o trabalho pesado por ele. 




George está realmente fazendo isso por bondade, ou é tudo uma armadilha? Enquanto isso, uma sexy, mas ingênua mulher chamada Virginia ( Helena Ramos ), é cuidada e visitada por um estanho amante de barba, e longas unhas... 




O filme é a adaptação ampliada do episódio "A Lei de Talião", exibido em "O Estranho Mundo de Zé do Caixão", na TV Tupi, em 1969, escrito por Rubens Lucchetti. 




Trabalhando (novamente) com um orçamento abaixo do mínimo, Mojica de aventura longe de Zé do Caixão e do sobrenatural, com um melodrama de terror e vingança mais tradicional e que lembra tramas de Giallo. E o 'Fantasma da Ópera'...




https://rarefilm.net/wp-content/uploads/2017/10/Hellish.Flesh_.1977.mkv.jpg


"A Virgem da Colina" (1977) de Celso Falcão



Durante uma viagem ao exterior, o industrial Maurício Verani (Edson Seretti) compra um anel num antiquário, para sua noiva Diana (Cristina Amaral). Durante a cerimônia de casamento, ao receber a joia, Diana sofre um desmaio. A partir dali, a jovem se transforma, passando a apresentar dupla personalidade: de dia é uma prostituta devassa e à noite, dama respeitável. Com o passar do tempo, o poder maléfico do anel faz de Diana uma mulher completamente amoral e transfigura seu rosto, obrigando-a a usar uma máscara. Maurício desconfia de que algo estranho domina a esposa e procura um velho padre (Jofre Soares), que tem fama de exorcista. Este revela a história da primeira dona do anel: uma prostituta feiticeira queimada viva pela população. 



Outro 'mistério' de nossa filmografia. "A Virgem da Colina" teve lançamento limitado nos cinemas, e mais tarde foi lançado em vídeo na Espanha, como "Poseída", mas aparentemente, hoje é uma mídia perdida...





" Vítimas do Prazer : Snuff " (1977) de Cláudio Cunha




A dupla de produtores 'americanos' Michael Tracey (Hugo Bidet) e Bob Channing ( Fernando Reski) contrata Edson ( Carlos Vereza) um técnico falido, e seu assistente Juarez ( Canarinho), para rodarem um filme pornográfico em uma chácara no interior de São Paulo . 



Eles recrutam também um elenco singular, composto por Lia (Rossana Ghessa) uma linda stripper solitária, uma atriz decadente (Nadir Fernandes), um ator com problemas mentais (Roberto Miranda) e uma candidata fracassada a Miss São Paulo (Lúcia Alvim).



Mas a partir do momento em que o filme começa a ser rodado, as coisas vão ficando estranhas. 



Acontece que 'Michael' é brasileiro, e , depois de um acidente nas filmagens de outro pornô, descobriu que pode ser lucrativo matar alguém de verdade na frente das câmeras. 




A verdadeira intenção dele é rodar um terror 'snuff'. Mas Bob se apaixona por Lia, e tenta convencer Michael a esquecer os crimes filmados para evitar a morte dela...



Inspirados por manchetes sensacionalistas sobre um suposto gênero de filmes onde atores desavisados seriam mortos de verdade, Claudio Cunha e Carlos Reichenbach escreveram “Snuff – Vítimas do Prazer”, misturando drama, pornochanchada, referências aos problemas do cinema nacional, e terror. 


       https://vk.com/video437024591_456239403


“Escola Penal de Meninas Violentadas” (1977) de Antonio Meliande 



 A jovem marginal Marli (Sueli Aoki) é recolhida para um reformatório para mulheres localizado em uma colônia no interior e administrado pela Madre Superiora Maria do Socorro (Meiry Vieira), e seu capataz surdo-mudo e retardado Carrasco (Genésio de Carvalho).




 Sádica e insana, a  Madre Superiora pune as moças por qualquer erro. Elas são brutalmente chicoteadas ou estupradas por Carrasco, com a desculpa de expulsar os demônios de dentro delas, mas é uma freira que acaba possuída pelo diabo. 




Um cadáver encontrado nas redondezas trás a tona uma série de crimes e torturas ocorridas no local. Um policial veterano (Edgard Franco) descobre que a tirânica madre superiora é na verdade uma psicopata fugitiva que assassinara e tomara o lugar da religiosa, transformando a instituição num lugar infernal.




Esse curioso mix de subgêneros (Pornochanchada, W.I.P., nunsploitation, policial, possessão demoníaca) surgiu no argumento criado pelo produtor Antônio P. Galante (1934- 2024) para o ítalo brasileiro Antonio Meliande (1945- 2017), que selecionou um bom elenco na Boca do Lixo, com mulheres com pouca (ou nenhuma ) roupa o tempo todo, e a presença dos ótimos Sergio Hingst e Zilda Mayo e de uma muito jovem Nicole Puzzi... 




               https://m.ok.ru/video/4245180386000


"A Mulher que põe a Pomba no Ar" (1977) de Rosângela Maldonado e J. Avelar ( José Mojica Marins) 



 Depois de ter sido traída pelo marido, a Dra. Adelaide (Rosângela Maldonado) cria uma sociedade secreta, baseada na representação da figura da pomba, que reúne mulheres com planos de se vingar dos seus homens infiéis.




 Em sua missão de vingança, a cientista louca Adelaide, acidentalmente transforma duas garotas cobaias suas...



... em seres alados -'mulheres- pombas' - que voam pela noite, e atacam as vítimas a bicadas, causando pânico na população. 




A atriz Rosângela Maldonado, fã de Mojica ( e que havia atuado em "Finis Hominis"), procurou seguir seus passos. Escreveu, produziu, musicou e atuou com a ajuda dele, essa pornochanchada de cunho fantástico de muito baixo orçamento. A maquiagem das pombas mutantes 'monstruosas' consistia em braços com penas, asas coladas nas costas e esquisitos capacetes com bicos flexíveis, em fantasias de tecido.




  O filme foi um fracasso total, mal sendo distribuído nos cinemas, mas é uma louca e bizarra diversão de terror trash!



       https://www.youtube.com/watch?v=trRyqB_pUb4


 “A Deusa de Mármore – Escrava do Diabo” (1977) de Rosângela Maldonado



 Uma mulher misteriosa (Maldonado) com 2000 anos de idade, conserva a juventude através de um pacto com o demônio.



 Em troca de um fluido mágico, ela extrai a alma de homens durante o ato sexual, sendo constantemente cobrada pelo enviado do capeta, 'Seu Sete Encruzilhada' (José Mojica Marins). 


'Seu Sete', porém, é insaciável e exige mais almas masculinas sob pena de deixá-la parecer a idade que realmente tem...



Obstinada, Rosângela Maldonado escreveu, produziu, dirigiu, fez a cenografia, maquiagem, figurino e (ufa!) atuou, nessa mistura de terror com pornochanchada, que teve uma mãozinha de Mojica na direção, auxiliando sua  discipula atrapalhada com as múltiplas funções. Em destaque na produção mambembe, os créditos de abertura desenhados de forma arrojada pelo artista plástico Akira Murayama, que também faz uma ponta no filme. 

Segundo o jornalista Horácio Higuchi, Mojica ficou desapontado com a aluna: 

'…ela queria que eu fizesse uma espécie de diabo-gay, porque no meu inferno só tinha Homem. Eu reclamei e disse pra ela que meu personagem tinha que ter pelo menos uma assistente mulher. Ela colocou quatro diabas, mas todos os pecadores no inferno eram homens! Que porra de diabo era este, um diabo que só gosta de torturar homens?'.



Rosângela Maldonado (1928- 2012) foi locutora e atriz de rádio, Rainha do Carnaval, e atriz de teatro, TV e cinema, e a primeira mulher a dirigir filmes de terror no Brasil...
"Deusa de Mármore" também fracassou nas bilheterias e encerrou a carreira de Maldonado. É mais um filme perdido, tendo sobrevivido só alguns lobby cards e fotos de bastidores...


"A Força de Xangô" (1977) de Iberê Cavalcanti



Salvador, Bahia. Antônio Souza, conhecido como Tonho Tiê (Antonio Pitanga) gosta é de viver livre, jogar capoeira,  beber cachaça no Mercado Modelo, e namorar. Durante o carnaval ele conhece Zulmira (Vera Magalhães), uma mulher belíssima. Na quarta-feira de cinzas, dia de Iansã e Xangô, eles fazem juras de amor eterno e projetos de muitos filhos. 



Mas os anos passam e Tonho (Geraldo Rosa) volta a se envolver com outras mulheres.  Zulmira (Dona Ivone Lara), filha de Iansã, não suporta o descaramento de Tonho, e pede a sua mãe-de-santo para lavar sua honra com sangue.  É invocada uma consorte de Exu, uma Pomba Gira, que em forma de mulher, deve fazer Tonho sofrer e pagar seus pecados. 



Iaba (Elke Maravilha) é seu nome. A vida de Tonho começa a virar um inferno,  quando não suporta mais, ele resolve procurar um terreiro para se descarregar. Recebe forças de seu orixá, Xangô, e começa uma demanda para se livrar das garras da diaba Iaba."



Baseado no conto "Iaba" de Carybé, o filme mistura drama, romance, comédia e muitos elementos sobrenaturais da Umbanda. No elenco também, Zezé Motta, Grande Otelo, e a famosa sambista Dona Ivone Lara como a personagem Zulmira mais velha.  






"O Estripador de Mulheres" (1978) de Juan Bajon





São Paulo, durante a madrugada, uma figura misteriosa, vestida de preto, e portando uma valise, persegue, mata e mutila várias mulheres com uma faca, apunhalando-as à altura do pescoço. 



 A imprensa sensacionalista quer a qualquer custo ter o rosto do cruel  'estripador' nas primeiras páginas.  Assim como os superiores do inspetor encarregado (Renato Master) que exigem uma apuração rápida. Assim, é preso sem provas, um funcionário de um frigorífico, um homem rude, e que conhecia duas das vítimas.




Mas, o culpado é Pascoal ( Ewerton de Castro), um tímido rapaz, gentil atendente de uma farmácia, que é um assassino psicopata...



 Filho de filipinos, nascido em Shagai, na China, Juan Bajon (1948) fez sua estreia escrevendo e dirigindo esse violento e climático policial de suspense e terror. 

Bajon ainda voltaria a flertar com o gênero, antes de se dedicar totalmente ao pornô, onde faria muito dinheiro com o infame ciclo de 'filmes equinos' ("Sexo a Cavalo", "Meu Marido Meu Cavalo", "A Garota do Cavalo", etc ...).




  Também conhecido como "O Assassino da Noite", é um de nossos raros exemplares do subgênero de filmes de serial killers. No elenco, além do ótimo Ewerton de Castro (1945 ), a linda gaúcha Aldine Müller (Aldina Rodrigues Rapini, 1953), uma de nossas principais 'musas do terror'...


                 https://m.ok.ru/video/2212125608652






“Ninfas Diabólicas” (1978) de John Doo




  Úrsula (Aldine Müller) e Circe (Patricia Scalvi- 1954), duas jovens e belas estudantes pegam uma carona com o bem comportado Rodrigo (Sérgio Hingst-1924-2004), um executivo de meia idade, pai de família que acaba de deixar os filhos na escola.



Elas o levam para uma casa em uma praia deserta, onde ele e Úrsula fazem sexo, enquanto Circe à distância, parece sentir o prazer. Mais tarde, Rodrigo encontra Circe em uma cachoeira, e ele a deseja a ponto de fazer qualquer coisa. Mas a jovem tem uma estranha exigência : transar apenas se Úrsula estiver amarrada. 




Rodrigo aceita as condições, mas,  Circe ataca a amiga com  uma pedra na cabeça, e Úrsula morta e é deixada lá, enquanto o casal vai embora.




Na volta, Úrsula morta, completamente ensanguentada e nua, aparece no banco traseiro do carro, e... 


 O primeiro filme de outro oriental radicado por aqui, o chinês John Doo (Chien Lien Tu, 1942- 2012, foto ao lado), é uma fascinante mistura de cinema erótico com elementos fantásticos / sobrenaturais. 
Doo, (com roteiro dele e de Ody Fraga), constrói o filme como um típico drama sensual, onde um homem maduro é seduzido por duas belas garotas. Mas, aos poucos os elementos fantásticos vão se agregando, para mostrar as duas como 'súcubos' predadoras . Com orçamento baixo, elenco mínimo - mas contando com o experiente ator Sergio Hingst (1924-2004), e duas jovens e carismáticas atrizes- e ótima fotografia de Ozualdo Candeias, virou um pequeno clássico de nossa filmografia, e revelou um cineasta com uma criatividade acima da média da produção da época...






“As Filhas do Fogo” (1978) de Walter Hugo Khouri

 



A estudante paulista Ana (Rosina Malbouisson) vai a Gramado, no RGS, para visitar a amiga ( e namorada), Diana (Paola Morra).  Diana voltara à antiga propriedade da família,  um casarão colonial  em meio a um bosque, e próximo a um grande lago - local do afogamento trágico e misterioso de Sílvia (Selma Egrei) sua mãe, muito tempo atrás.



 Em um passeio, elas encontram Dagmar (Karin Rodrigues), uma estranha mulher que registra com um gravador o canto de pássaros locais. Diana se recorda que Dagmar era uma velha amiga de sua mãe, e elas ficam impressionadas com a revelação que as gravações, além de sons e ruídos da natureza, captaram vozes de pessoas mortas.




No casarão, um desconhecido (Serafim Gonzalez) bate à porta, em busca de abrigo e comida, mas comenta que é rico, mas prefere viver como andarilho, sem planejar o futuro. Ele acaba se envolvendo com Mariana (Maria Rosa), a governanta, que, além de trabalhar na residência, cuida de Diana como se ela fosse sua verdadeira filha, já que o pai da garota vive viajando.



 Logo, os personagens no casarão passam por estranhas situações com aparições do fantasma de Sílvia, sempre calada e melancólica. 




Apenas Mariana parece não sucumbir aos fenômenos. Tudo leva a um ritual pagão presidido com um estranho homem de máscara, e um final onde a casa parece ser devorada pela vegetação local...




Com produção requintada, com ótimo elenco, atriz estrangeira (a bela italiana Paola Morra) e roteiro intelectualizado, Walter Hugo Khouri tece uma trama atmosférica e repleta de simbolismos, que tanto pode ser um terror psicológico, quanto sobrenatural...parapsicológico.




 Com excelente fotografia(do próprio diretor) , que destaca as paisagens bucólicas (e 'exóticas' para os padrões brasileiros), e a natureza da serra gaúcha; e a trilha sonora sombria de Rogério Duprat, temos uma obra autoral, poética, sensual, e assustadora...







"Mulher Desejada" (1978) de Alfredo Sternheim



Luisa (Kate Hansen) é uma estrela de TV em crise com seus sentimentos: leva homens para a cama porque os deseja, e quer amá-los, mas não consegue.  Ela busca ajuda numa terapia de grupo, mas é hostilizada pelos participantes, e mais tarde terá um pesadelo no qual é amarrada numa árvore e chicoteada por eles.


Procurando calma e solidão, Luiza vai para a casa de campo da amiga Edith (Marlene França) durante um fim de semana. Lá, encontra algumas amigas e conhece Waldo (Eduardo Tornaghi) , filho da caseira , Ana (Elizabeth Hartmann), mulher conservadora e de atitudes estranhas. Enquanto Ana antipatiza com Luiza, Waldo cerca-a de atenções, e depois de encontrá-la nua no bosque, tomando sol, eles fazem sexo.




 Enquanto suas amigas partem de volta à cidade, Luiza decide ficar ao lado de Waldo, apesar da oposição de Ana, que  também deixa a casa após um telefonema urgente. Sozinha com Waldo, Luiza descobre que ele é um psicopata, que tenta matá-la. 



Ela consegue fugir e, ao pedir carona na estrada é novamente levada até Waldo, que junto com Ana avança ameaçadoramente em sua direção. Neste instante, Luiza acorda no bosque, e descobre que tudo foi um pesadelo, mas...



O dublê de crítico e cineasta Alfredo Sternheim (1942), escreveu e dirigiu esse suspense erótico / terror psicológico, baseado em uma epígrafe de Edgar Allan Poe. Ótimas interpretações de Eduardo Tornaghi, como um psicopata, e de Kate Hansen, novamente uma mulher sensual e perturbada, como em "Excitação" (1976)...






"Delírios de Um Anormal" (1978) de José Mojica Marins





O Dr. Hamilton (Jorge Peres) é um outrora renomado psiquiatra, que está sendo aterrorizado por pesadelos e alucinações nos quais Zé do Caixão tenta raptar a sua esposa Tânia (Magna Miller), querendo tomá-la como sua mulher para lhe dar seu tão procurando filho superior...


                            '- TÂÂÂNIAAAAA!!!!'



 A situação fica tão ruim que Hamilton é internado em uma instituição. Seu veterano colega  Dr. Hansen (Jayme Cortez) liga para o cineasta José Mojica Marins (que aparece como ele mesmo), e pede sua ajuda.



 Mojica acredita que os problemas podem vir de Tania, mas volta para casa, onde está dando uma festa na piscina para seus funcionários, e lê seus roteiros de terror em busca da resposta. No dia seguinte, Hamilton é hipnotizado e Marins o ajuda a superar sua situação , fazendo-o entender que Zé do Caixão não existe e é apenas um produto da imaginação de um diretor de cinema....



O filme tem Zé do Caixão como o personagem central, mas não é parte da 'Trilogia de Zé do Caixão'. A história é construída com muitas cenas censuradas de quatro filmes anteriores de José Mojica Marins:  "Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver" (1967),  "O Despertar da Besta" (1969)...





... "Exorcismo Negro" (1974) e "O Estranho Mundo de Zé do Caixão" (1968), e cerca de 35 minutos de cenas novas para costurar a trama. Um caleidoscópio de alucinações, torturas e horrores… demencialmente trash!
  



 Cercado de problemas pessoais e financeiros, José Mojica Marins resolveu investir alguns parcos recursos para esse demencial 'filme- montagem', baseado novamente em uma ideia e roteiro de R.F. Luchetti.  Autorreferencial, mostra de forma quase irônica, o cineasta como um 'milionário', e intelectual, capaz de ajudar uma junta de psiquiatras a tratar de seu colega. 





Mojica também presta homenagem ao grande ilustrador e quadrinista luso-brasileiro Jayme Cortez (1926-1987) -
 seu amigo, e autor do cartaz de "Finis Hominis", e do próprio filme - colocando-o como ator, além de mostrar alguns de seus trabalhos como obras de arte em sua 'mansão'.  





A montadora do filme (e companheira de Mojica por muitos anos) Nilcemar Leyart, conta:

' "Delírios de um anormal" tem várias cenas de outros filmes, que tinham sido cortadas pela censura. O Mojica tinha de lutar muito para fazer os filmes. Como jogar todas essas cenas fora? Não! Decidimos fazer um filme novo com elas. O Mojica pensou na história e ordenou as cenas para compor o pesadelo do personagem, o psiquiatra que está enlouquecendo. O tempo passa, e o personagem vai tendo mais pesadelos, tudo com um jogo de imagens, mostrando o sentimento e a mente desse psiquiatra – a melhor parte dos cortes está entre os pesadelos. Foi um filme que deu trabalho para montar, porque a fita tem 4.800 cortes e algumas cenas têm oito fotogramas, mas conseguimos montar num tempo recorde: quatro meses.'

        









                                   CONTINUA...







                                        FONTES:

- Arquivos do autor

- Publicações:


-  Maldito: A vida e a obra de José Mojica Marins, o Zé do Caixão (editora 34, 1998) de Ivan Finotti & André Barcinski

-  Medo de quê ?: Uma história do horror nos filmes brasileiros  de Laura Loguercio Cánepa - Tese de Doutorado em Multimeios  (Instituto de Artes, UNICAMP. Campinas, 2008) .

- Mondo Macabro (St. Martin Griffin, USA, 1998) de Pete Tombs

- Enciclopédia do Cinema Brasileiro (Sesc/SENAC 2012) de Fernão Pessoa Ramos & Luis Felipe Miranda

- Revistas GF- Guia de Filmes, e Filme Cultura (Embrafilme e Inst. Nacional de Cinema 1967-1977)

  Cinema de Bordas. Bernardette Lyra & Gelson Santana (orgs.) ( Editora A lápis, São Paulo 2006)



WEB:

- IMDB

- Wikipédia

- Canibuk - https://canibuk.wordpress.com/2011/11/06/estes-praticamente-estranhos-filmes-de-horror-nacional/

- Portal Brasileiro de Cinema - https://www.portalbrasileirodecinema.com.br/horror/extras-filmografia.php?indice=extras

- Cinemateca Brasileira- https://cinemateca.org.br/acervo/base-de-dados/

- Revista Filme Cultura -

 https://revista.cultura.gov.br/wp-content/uploads/2017/06/Filme-Cultura-n.61.pdf#page=35

- Revista Pesquisa Fapesp - https://revistapesquisa.fapesp.br/horror-a-brasileira/

- Revista Acrobata-  https://revistaacrobata.com.br/acrobata/artigo/o-horror-nao-horrivel-do-cinema-udigrudi/

- Facebook- Filmoteca do Horror Brasileiro - https://www.facebook.com/horrorbrasileiro









4 comentários:

  1. Excelente postagem ! Da saga do horror no cinema brasileiro , desse filmes destaco o que assisti ha muitos anos na TV aberta que foi " ESTRIPADOR DE MULHERES" assisti ele na Sessão das Dez Proibida lá nos anos 80 pela TVS ( atual SBT) ,nunca consegui alugar a copia dele lançado em VHS pela Jota Vídeo , os filmes do zé do caixão eu assisti na Rede Bandeirantes quando ele foi contrato para apresentar o Cine Trash ,todo o sábado era exibido um filme dele e grande maioria desse filmes citados aqui passar neste canal ,eu assisti na época,os outros filmes citados alguns conheço de nome , o que mais me espantou esse filme " FILHAS DO FOGO" do Walter Hugo Khouri ,não sabia que ele tinha feito um filme sobrenatural e ainda por cima com a lindíssima Selma Egrei ,é por isso esse que esse é melhor blog de filmes underground do brasil ,tem sempre uma coisinha nova pra nós atrair pra assistirmos ,que venha a quinta parte ! Um abraço de Spektro 72 .

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    1. Obrigado pelos comentários e pela fidelidade , amigão SPEKTRO! O "Filhas do Fogo" é uma obra prima! Assista!!!

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  2. Meus parabéns mais uma vez! Uma notinha irônica sobre "Delírios de um Anormal", que foi um remendão de cenas outrora cortadas pela censura, ao expor este filme para a censura, com todas aquelas cenas "proibifonas", acabou passando ileso! Hahaha!

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    1. Valeu por acompanhar o blog, e pelos ótimos comentários, Blob! Continuamos! Abração!

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