sexta-feira, 22 de março de 2024

História dos Quadrinhos de Terror no Brasil # 1 (Arquivos do Blog)


** Publicado Originalmente no extinto Blog Museu da Meia Noite, em 10 de março de 2023 💀








Pré-História:

 As Histórias em quadrinho remontam aos anos 1800, quando apareceram os primeiros 'comics' (expressão inglesa explicada pelo fato de que as primeiras HQs traziam apenas comédia em seus enredos) publicadas em tiras de jornais. Os primeiros 'comic books' (revistas em quadrinhos, gibis) só começaram a ser editadas realmente nos anos 1930, quando também proliferaram histórias de aventuras, com detetives e heróis das selvas. O sucesso do ciclo de filmes de terror da Universal Pictures dos anos 30/40 (com Boris Karloff, Bela Lugosi & cia.) começou a influenciar as HQs, que já incluíam personagens 'monstruosos', como gorilas selvagens, cientistas loucos e vampiros, mas não assumiam o gênero, que estava presente na literatura gótica, nas revistas 'pulp' (revistas populares com contos e novelas), programas de rádio, e no cinema.


                                      Revistas americanas pulp de 1928,e 1936



O Brasil é um dos pioneiros dos comics de terror no mundo. "A Garra Cinzenta" é uma história em quadrinhos brasileira, que foi publicada originalmente  no suplemento "A Gazetinha" do jornal A Gazeta entre 1937 e 1939, em 100 capítulos (uma página de cada vez). Criada por Francisco Armond (um pseudônimo tão misterioso quanto seu personagem) e desenhada por Renato Silva (1904-1981), trazia uma mescla de policial noir, fantasia Pulp, terror e ficção científica, com seu personagem principal... um macabro gênio criminoso com rosto de caveira e um assistente robô gigante. 

 


A história conseguiu reconhecimento mundial na época, sendo publicada no México, França e Bélgica. Na Europa a série era conhecida como 'La Griffe Grise', e os europeus achavam que a história fosse de origem mexicana e não brasileira.


                                     💀👻👿💀

Nos EUA o primeiro personagem de terror em quadrinhos foi uma adaptação do personagem clássico de Mary Shelley, "Frankenstein" (baseado no ciclo Frankenstein da Universal), que apareceu no # 7 da revista "Prize Comics" (em dezembro de 1940) feita por Dick Briefer, assinando como' Frank N Stein'. 


É contada a origem da criatura de Frankenstein, mostrando-a como um personagem simpático, heroico, mas, claro incompreendido. O monstro-herói ganhou revista própria, e depois foi transformando em um personagem cômico...


...retornando ainda no traço de Briefer, à sua versão original, séria, entre 1952-1954. 

💀💭 No Brasil, antes da primeiras publicações dedicadas ao terror, as histórias com o monstro de Frankenstein de Briefer (da fase cômica), apareceram na revista "O Guri", da editora Diário da Noite, junto com HQs de aventura do Capitão América, e o Falcão de Will Eisner.


A detetive mascarada 'Loura Fantasma' (Blonde Phantom) enfrenta uma criatura de Frankenstein 'fake' em "O Guri" #192, de maio de 1948


                                                   Capa de "O Guri" # 218 de 1949

Outra série pioneira nos EUA foi " The Werewolf Hunter"...


...publicada na revista "Rangers Comics" da editora Fiction House, do # 8 (1942), até o # 41 (1948).  A criação de Armand Weygand (um pseudônimo de um autor até hoje desconhecido), contava as aventuras do professor Armand Broussard, um investigador do oculto, inicialmente apenas um 'Caçador de Lobisomens',  cujas aventuras o levaram a enfrentar uma variedade selvagem de outros monstros, feiticeiras exóticas e artefatos de magia negra. No # 14 da revista (dedicada a histórias de aventuras, principalmente de guerra) a série foi assumida pela precursora desenhista Lily Renée (1921-2022, nascida na Áustria), que reclamou que não gostava de desenhar lobos, então ela convenceu o misterioso autor a incluir outras criaturas sobrenaturais nas tramas. Algumas aventuras do "Caçador de Lobisomens" seriam publicadas no Brasil nos anos 1950 pela Editora La Selva.


A primeira revista de antologia de terror em quadrinhos foi "Eerie" ...


...da editora americana Avon Comics Group. Publicada em janeiro de 1947 como "Eerie Comics", com uma equipe criativa que tinha (entre outros) Joe Kubert e Fred Kida. O conteúdo do gibi compreendia seis longas histórias de terror e um conto de humor negro de 2 páginas. 


O título ficou inativo por vários anos, mas voltou às bancas como "Eerie" # 1 em 1951.
 



A revista tem a distinção de ser a primeira HQ de terror independente e a pioneira no gênero mundialmente.

                                                 HISTÓRIA:

  No Brasil...




Fundada na segunda metade década de 1940 em São Paulo, pelo conhecido empresário Vito Antonio La Selva (que antes era apenas distribuidor de revistas), a Editora La Selva lançou em junho de 1950 a revista "O Terror Negro" (como suplemento da revista "O Cômico Colegial", um  título que testava diversos personagens diferentes-como 'Supermouse', ou 'Mandrake' - e que chegou até o #850!) , trazendo aventuras de super heróis americanos pouco conhecidos como o titular 'The Black Terror'...


...além de 'Águia Americana', 'Detetive Fantasma', 'Princesa Panta', e outros da editora Nedor Comics. A publicação vendia bem, mas o material original só foi o suficiente até o #9 de Março de 1951. Por sugestão de Reinaldo de Oliveira (1928-1999, gráfico, roteirista, colaborador de textos da editora, e futuramente um grande pesquisador das HQs) a revista voltaria em setembro do mesmo ano, com o mesmo título, mas com uma numeração nova, e...





...totalmente voltada a histórias com fantasmas, lobisomens, vampiros e bruxas, oriundas das revistas americanas "The Beyond" e "Challenge of the Unknown", da editora Ace Magazines. 


O primeiro número da primeira revista de terror publicada no Brasil começou em grande estilo, e a primeira história é "O Lobisomem Ataca!" (original " The Werewolf Strike!") de Frank Giusto, sobre um homem lobo atacando uma pequena aldeia de pescadores nos EUA ...


... seguida de "Os Semi-Mortos" (original "Master of the Undead") de Al Hartley...


...sobre um jovem escritor, que em busca de material novo e excitante, acaba viajando para o Haiti, onde encontra...zumbis! Depois temos uma história de fantasma, e uma sobre marionetes vivos e assassinos, todas da "The Beyond #1" de 1950. 
O sucesso foi estrondoso, e a revista vendia milhares de exemplares por dia! O material interno era todo norte americano traduzido, mas as capas nacionais, macabras e maravilhosamente trabalhadas eram quase todas do artista...
  Jayme Cortez (1926-1987), nascido em Lisboa (Portugal)  veio para o Brasil em 1947, já consagrado em seu país de origem, onde havia colaborado na revista portuguesa "O Mosquito" e no semanário feminino "A Formiga". Ao começar seu trabalho aqui, Cortez colaborou com jornais como "O Dia" e "Diário da Noite", com charges políticas, e depois tiras diárias adaptando obras literária para os quadrinhos.




Os filhos do fundador e editores Paschoal e Jácomo La Selva, e sentado na poltrona, de camisa preta e óculos, o jovem diretor de arte Jayme Cortez










  Outro artista das capas de "O Terror Negro" e outras publicações da La Selva foi José Lanzellotti (1926-1992), pintor e ilustrador paulista, e um pesquisador do folclore brasileiro, o que o levou a criar HQs baseadas em lendas indígenas, e histórias sobre o cangaço. Lanzelloti pintou a capa do # 1 de "O Terror Negro" ( Suplemento Cômico Colegial #1), ainda na primeira fase, com os heróis americanos...





 ...assim como a capa do " O Terror Negro" # 99 (1957), além de capas de "Histórias de Terror", "Contos de Terror", e "Mundo de Sombras" (da Editora Novo Mundo). Depois ele ilustrou livros de história e folclore, e trabalhou até no cinema, elaborando figurinos de época. Lanzellotti morreu assassinado em sua casa em junho de 1992.


Em 1953 "O Terror Negro" passou a ser quinzenal, e em janeiro de 1954, a La Selva mandou para as bancas outras duas publicações do gênero: "Sobrenatural" (Mistérios do Além) e "Contos de Terror"...








                                  A imprensa da época se rende ao terror da La Selva!

... abrindo caminho para outras pequenas editoras como a minúscula Orbis, que publicou "Sexta Feira 13" ('apresenta Casa Misteriosa' ,1953-1955)...



... com material da revista americana "House of Mystery", e outros títulos da DC Comics; com um diferencial Interessante  na época: as HQs da Orbis eram coloridas como as originais americanas. 



 A Edições Júpiter lançou em 1954 os gibis " O Sepulcro",  "Fantásticas Aventuras", "Cavaleiro Fantasma", e "Horror". Apesar de já contar com personagens nacionais , como 'Tambu, O Herói das Selvas' de Gedeone Malagola ( desenhista, filho de imigrantes italianos,1924-2008), os títulos de terror da Júpiter traziam adaptações de historias americanas de Stan Lee, Dick Ayres, Joe Mannely.




A Companhia Gráfica Novo Mundo Editora foi fundada pelo empresário gráfico de origem italiana Victor Chiodi,  que imprimia alguns gibis da La Selva. Chiodi também se interessou por publicar algumas revistas, e lançou "Estranhas Aventuras" (número único em 1952), e depois, "Noites de Terror", "Mundo de Sombras" e "Gato Preto", todas em 1956, e com histórias americanas, compradas da distribuidora APLA. Chiodi contratou *Miguel Penteado (que na época trabalhava na La Selva) para ser o seu capista, e ele acabou assumindo a editoria e organizando a editora.


"Noites de Terror" foi publicada de junho de 1956, até junho de 1967, contabilizando 99 números (em 3 séries diferentes) e mais um almanaque!



A Novo Mundo também publicou o curioso 'mix' "Fantasma Vingador" (1955)...


Criação de Dick Ayres para a "Magazine Enterprises", o "Ghost Rider" (no Brasil foi: Cavaleiro Fantasma- nas Edições Júpiter anteriormente-, Fantasma Vingador, Pistoleiro Fantasma, ou Vingador Fantasma) era um xerife do Velho Oeste que usava truques e uma máscara para se fazer passar por um justiceiro sobrenatural. O  cowboy fantasma era uma enganação, mas seus inimigos mais comuns eram- lobisomens, mortos vivos, vampiros, bruxas, e até o...Monstro de Frankenstein!!
 


No final de 1958, a La Selva fez uma generosa oferta, e comprou a Novo Mundo de Victor Chiodi.  Penteado continuou à frente da gráfica, agora ampliada, e os títulos da Novo Mundo que melhor vendiam foram incorporados pela La Selva, como "Noites de Terror" e "Mundo de Sombras", por exemplo.




Arte original e capa de "Seleções em Quadrinhos"/ "Mundo de Sombras" # 44 de Miguel Penteado

MIGUEL PENTEADO: Miguel Falcone Penteado nasceu em Charqueada/SP em 1918. No final dos anos 1940 conheceu  Jayme Cortez, que o incentivou a desenvolver seu talento artístico, tornando-se capista de gibis e livros, editor, e depois desenhista de HQs. Foi também com o apoio de Cortez que ele fundaria a editora Continental/Outubro, e mais tarde a GEP. Ele se tornou um grande defensor do quadrinho nacional, e lutou contra a censura da ditadura militar. Penteado se afastaria das HQS em 1972, passando a trabalhar apenas como gráfico. Sempre discreto e reservado,  se aposentou e foi morar no interior de São Paulo, e nunca mais se ouviu falar dele....





⭐ Outro grande e prolífico quadrinista e capista da época foi Zezo. Nascido José Rivelli Neto em São Paulo em 1929, começou em uma agência de publicidade em 1953, e dois anos depois passou a desenhar para a La Selva, e depois para a Outubro. 
'Nas capas, sua marca registrada e sua produção mais destacada, eram em média de dez por mês, pintadas e assinadas.'



'Nos quadrinhos de terror o destaque fica para os 12 números da revista "Frankenstein" (Edição Extra de Contos de Terror, 1959 a 1961)'...


... a publicação começou com histórias do Frankenstein americano de Dick Briefer da "Prize Comics". Quando o material original faltou, Zezo, que fazia as capas, assumiu também como editor e desenhista da série.


'Criando em cima de um pré-roteiro (na verdade uma sinopse) desenvolveu um personagem onipresente, que muitas vezes só aparecia no final da história. Explorando a ambientação da Alemanha no final do século 19, trabalhava com a atmosfera daquele país, colocando o personagem como um produto do meio em que foi criado, não como um monstro, tornando a série uma das melhores adaptações do clássico.'

                                     (Worney Almeida de Souza- Revista Pau Brasil # 5, e site Bigorna.net)




Os EUA tiveram sua grande explosão de quadrinhos de terror depois que William Gaines assumiu a editora EC Comics (Educational Comics) criada por seu falecido pai Max Gaines. Em abril de 1950, junto com o editor Al Feldstein, ele lançou dois novos títulos: " The Vault of Horror" e "Crypt of Terror"...


...e logo depois, "The Haunt of Fear", "Weird Fantasy", "Weird Science" e "Shock SuspenStories"...


Com um ótimo nível de arte, e histórias realmente macabras, além de um trio de apresentadores ('hosts') das histórias, que eram sinistros e irônicos, os comics de terror da EC foram um enorme sucesso e se tornaram clássicos e são reverenciados até hoje. Mas, o fenômeno editorial provocou uma dura reação na sociedade conservadora da época.


 

 Após uma cruzada pública do psiquiatra Fredric Werthame, e outros contra as histórias em quadrinhos picantes, de horror e crime, a Comics Magazine Association of America adotou um pesado código de ética (o famigerado Comics Code)  em 26 de outubro de 1954. Os gibis de monstros e criaturas sinistras da EC e outras editoras foram literalmente enterrados pela censura.

       Comics em uma fogueira pública nos EUA em 1954. Nas mãos da mulher à esquerda da foto, exemplares de terror da EC...



Por aqui também houveram reações contrárias aos quadrinhos de terror por parte de educadores, padres e políticos; como os famosos artigos do jornalista (e depois deputado federal) direitista Carlos Lacerda contra os gibis da La Selva. 


As grandes editoras brasileiras da época (EBAL, O Cruzeiro, Abril, Record e Rio Gráfica) também adotaram uma imitação do código americano (e de seu selo), mas não foram seguidas pelas editoras pequenas. O problema aqui foi a falta do material original gringo, que não era mais produzido. 
'Em 1959, os empresários José Sidekerskis, Victor Chiodi, Heli Otávio de Lacerda, Cláudio de Souza, Arthur de Oliveira e Miguel Falcone Penteado criaram a editora Continental, que em 1961 teve que mudar de nome para 'Outubro' pois descobriram que já havia uma outra com o mesmo nome e com problemas na justiça. Esta editora só publicava quadrinhos de autores nacionais.' (Guia dos Quadrinhos.com)


                                                         (Foto histórica: Inauguração da Editora Continental, 1959)

A Continental colocou nas bancas revistas nacionais de todos os gêneros- foi nela que surgiu "Bidu", a primeira revista de Maurício de Sousa e o primeiro super-herói brasileiro, "Capitão 7". Mas, foram as revistas de terror que fizeram mais sucesso.
 "Seleções de Terror" (1959), "Histórias do Além", "Histórias Macabras"(1959), e "Clássicos do Terror" (1960)...


 🦇 "Seleções de Terror" se destacou por apresentar em todos os seus números,  pelo menos uma história com o Conde Drácula, um personagem ainda pouco explorado, e que se tornaria um dos mais populares. As histórias eram escritas e desenhadas inicialmente por artistas variados como Júlio Shimamoto (#1), Gedeone Malagola, Sérgio Lima, Aylton Thomaz de Oliveira, Juarez Odilon, e outros. Foi também na "Seleções de Terror" que em 1961 foi publicada a primeira versão da famosa história de Jayme Cortez intitulada "O Retrato do Mal" :









Primeira página de HQ de Gedeone Malagola para a revista "Histórias Macabras" em 1959






"Clássicos de Terror" adaptava em quadrinhos clássicos da literatura fantástica e filmes de horror. O # 2, trazia uma adaptação da tragédia do dramaturgo inglês William Shakespeare, que acredita-se que tenha sido escrita entre 1603 e 1607. 


"Macbeth, Reinado de Terror", foi adaptada e desenhada por Álvaro de Moya, com arte final (não creditada) de seu amigo Jayme Cortez.


⭐ Álvaro de Moya (1930-2017) começou a desenhar HQs muito cedo, e ingressou na La Selva mais ou menos no mesmo tempo que Jayme Cortez e do editor Reinaldo de Oliveira, e juntos com Miguel Penteado criaram a Primeira Exposição Internacional de Histórias em Quadrinhos, cuja abertura aconteceu no dia 18 de junho de 1951 na sede do Centro de Cultura e Progresso, em São Paulo.  
Álvaro foi chargista e ilustrador do jornal "O Tempo", de São Paulo, a partir de julho de 1950, e desenhou também "Zumbi dos Palmares" (em "Aventuras Heróicas" # 16, La Selva 1955)...



...sobre a vida do guerreiro e herói pela libertação dos escravos no Brasil. Escreveu roteiros para "Mirza, a Mulher Vampiro", assim como desenhou capas para os gibis infantis da Disney/Abril. Participou também da inauguração da televisão no Brasil, pois foi o responsável pelos desenhos dos letreiros do programa de inauguração da TV Tupi, em 18 de setembro de 1950. Moya foi um dos maiores incentivadores das HQs no país, e também um pesquisador e teórico no assunto, tendo publicado "Shazam!" (1970), o primeiro livro sobre quadrinhos feito no Brasil, assim como "História da História em Quadrinhos" (1993), e "Histórias em Quadrinhos no Brasil" (2003), entre outros.




A Continental/Outubro lançou jovens talentos como Julio Shimamoto, Edmundo Rodrigues, Sérgio Lima, Lyrio Aragão, Walmir Amaral, Luiz & Ivan Saidenberg , Aylton Thomaz de Oliveira, Gutemberg Monteiro, Getúlio Delphim, Zezo, Inácio Justo...



💭 Primeira e última página da HQ 'Ângela', escrita por Ivan Saidenberg, e desenhada por seu irmão Luiz Saidenberg,  publicada a primeira vez na revista "Historias Macabras" # 14, em outubro de 1960. A dupla trabalhou assim em diversas publicações da La Selva, Outubro e Taika. Luiz acabou deixando as HQs (retornando só nos anos 80) e se dedicou a publicidade e artes plásticas. Ivan se tornou um prolífico roteirista para os personagens Disney da Abril, e é creditado como o criador do hilário "Morcego Vermelho". Ivan faleceu em 2009 devido a problemas com diabetes e insuficiência arterial.


... além de consagrar outros, como o carioca Flavio Colin. Todos sobre a direção artística de Jayme Cortez.


                        (Página final de HQ de Flávio Colin)

⭐  O terror nas HQs brasileiras deve muito também a alguns estrangeiros talentosos que aqui chegaram e fincaram suas raízes. Na mesma época que Jaime Cortez chegou, veio também o italiano Nico Rosso (1910-1981), que havia se formado em artes em Turim, e estava fugindo dos horrores da Segunda Guerra. 
No começo de década de 1960, também chegaram ao Brasil o argentino Rodolfo Zalla (1931-2016) e o italiano Eugênio Colonnese (1929-2008; egresso da Argentina, onde estava radicado). Com eles, aportaram em terras brasileiras novas e elaboradas técnicas e métodos que garantiram um grande volume de produção.


Da esquerda para a direita: Jayme Cortez, Maurício de Souza - sim, o futuro "Pai da Mônica" , Eugenio Colonesse, Adolfo Aizen - editor e "Pai dos HQs no Brasil, Henrique Lipszyc, Nico Rosso e Manuel Cézar Cassoli- ilustrador, capista.


A Outubro continuou lançando novos títulos: "Terror Magazine" (1963), "Edição Negra, "Magia e Terror" (1964), "Páginas Sinistras", "Terror em Revista" (1965), "O Corvo" (1964)...




Também não havia problema com os encalhes nas bancas de revistas. Os exemplares devolvidos eram encadernados em almanaques, como as literalmente monstruosas edições "Edição Álbum de Terror", com 320 páginas!!!





💀💭 Um capítulo interessante da história de produção de HQs nacionais aconteceu em 1961, envolveu politica, e acabou em 'Terror'. O então governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, com a influência do desenhista carioca José Geraldo Barreto Dias (o 'Zé Geraldo'), fundou a CETPA (A Cooperativa Editora e de Trabalho de Porto Alegre), um núcleo de produção de histórias em quadrinhos nacionais em forma de cooperativa e editora. A organização era nacionalista e apostava na substituição do material importado pelo nacional e pela proteção do mercado nacional. 


Vários artistas  nacionais se envolveram com a editora e se mudaram para Porto Alegre, como Julio Shimamoto (Julio Yoshinobu Shimamoto, filho de imigrantes japoneses, nascido em 1939 no interior de São Paulo, e uma das lendas das HQ de Terror). 
Em São Paulo, também existia a Adesp (Associação de Desenhistas do Estado de São Paulo), criada com o apoio do antecessor de Jango, Jânio Quadros, e presidida por ninguém menos que Mauricio de Sousa, ainda iniciante.
 Ela contava inicialmente com nomes como Ely Barbosa, Lyrio Aragão, Luiz Saidenberg, Gedeone Malagola, e Shimamoto, todos engajados em um movimento pela nacionalização das Hqs.


               Julio Shimamoto em Porto Alegre trabalhando para a cooperativa de HQs
.

 Flávio Colin, Getúlio Delphim, Gedeone Malagola e Aylton Thomaz trabalhavam para a cooperativa de seus respectivos estados. Quando o golpe militar de 1964 silenciou o país, o movimento de HQ nacional calou-se com ele, colocado no mesmo patamar dos partidos de esquerda. Shimamoto, com vários companheiros, foi acusado de comunista, e Brizola e Zé Geraldo foram exilados no Uruguai. 

 
     Julio Shimamoto, Zé Geraldo e Flavio Colin com seus trabalhos para a CETPA





A Editora Brasil América/EBAL foi fundada em maio de 1945 por Adolfo Aizen, 'O Pai das Histórias em Quadrinhos no Brasil', e foi a líder absoluta no mercado dos quadrinhos durante décadas. A primeira revista de HQ da editora foi "O Herói" (1947), com personagens da americana Fiction House, que fez sucesso e estabeleceu aqui o formato magazine.
Em 1965 EBAL  publicou histórias de terror e mistério em seu selo Cinemin 3ª Série (o selo foi um dos mais genéricos da editora, comportando primeiro um revista sobre cinema, depois adaptações de filmes em HQ, depois histórias de aventura, Sci-fi e terror ), com os títulos "Impacto" ('Boris Karloff Conta Histórias de Mistério'), e "Além da Imaginação"...






Eram histórias das revistas americanas "Boris Karloff Tales of Mystery", e "The Twillight Zone", da editora Gold Key, que era especializada em adaptações de séries de TV e desenhos animados para os comics. 






  O # 23 de "Cinemin" publicou uma adaptação em quadrinhos do filme de terror "X- The Man with X-ray Eyes" de 1963, dirigido por Roger Corman.






Em 1966, Miguel Penteado deixou a Outubro (levando junto vários de seus talentosos colegas) para fundar sua própria editora, a GEP (Gráfica e Editora Penteado), que começou é claro, com quatro revistas de terror brasileiras- "O Esquife" (1967) "Estórias Negras", "Histórias Diabólicas" (1968), "Múmia", e "Lobisomem" (1966)...












                                  A "Múmia" da GEP, no traço de Sérgio Lima


"Lobisomem- O Demônio da Noite" é um clássico da GEP. Penteado deu liberdade total para o paulista Gedeone Malagola, que criou então o famoso super-herói Raio Negro; a saga da Múmia (revista que durou de 1966 a 1970) baseada no personagem 'Kharis", dos filmes de terror da Universal Pictures dos anos 30/40, e o seu 'revolucionário' lobisomem Conde Von Bóros...


... um nobre que sofre a maldição do lobisomem e se transforma nas noites de lua cheia, porém sem perder a consciência e a racionalidade. Um lobisomem inédito até então, misturado com o Conde Drácula!





Para ilustrar a saga, Gedeone convocou o ótimo artista Sérgio Lima (1925-1988), que possuía um desenho acadêmico e refinado ( e que também desenhou a Múmia ), resultado em uma das séries mais bem sucedidas e longevas do quadrinho brasileiro.


          Gedeone, Sérgio Lima e Luis, que serviu de modelo para o Conde Bóros


A GEP depois publicaria a interessante "Estórias Caipiras de Assombrações" (1969-1970 ), que como o título revela, era baseada em histórias populares do folclore nacional.





Penteado também editou outras revistas com monstros clássicos do cinema, incluindo "Frankenstein" (1969), escrita por Francisco de Assis, e desenhada por Eugenio Colonesse e  Rodolfo Zalla, que tinham aberto um estúdio, o D'Arte, especializado em quadrinhos para diversas editoras.




🕇 Vito La Selva faleceu em 1967, e a editora La Selva sobreviveu até 1968, quando problemas financeiros (e brigas entre seus filhos)  comprometeram sua continuidade. A pioneira “O Terror Negro”, lançada em 1951 – foi publicada até o fim, e entrou para a história pelos seu recorde de 18 anos de circulação ininterrupta, 223 números publicados, além de várias reedições.


José Sidekerskis ( o 'Zelão', empresário e editor e um dos fundadores da Outubro) abriu sua própria editora, a Jotaesse, que começou com "O Vampiro" (1967), "Edição Extra de Terror" (1968), "As Melhores Histórias de Fantasmas" (1969)...










...e modernizou o gênero com a revista "Mirza, Mulher- Vampiro", escrita por Luiz Meri Quevedo, e ilustrada por Colonnese e Zalla...










 Sidekerskis, procurou o estúdio D'Arte, e pediu que Colonesse criasse uma personagem vampira.
No dia seguinte surgia Mirza, cujo nome era uma variação de Mylar, super-herói de sucesso, criado por Colonnesse. 



 A bela e sensual vampira perambula pelo mundo moderno disfarçada de modelo internacional, sempre com a ajuda de seu empregado, o corcunda Brooks. Em um dos detalhes bem brasileiros acrescentados por Colonnese estava o bronzeado de Mirza, que diferente dos 'vampiros comuns', não tinha aversão ao sol!  A revista foi publicada em 1967 e virou um hit. Dos 35 mil exemplares impressos, sobraram pouco mais de mil. Além disso, Mirza foi a primeira vampira sensual dos comics, já que a famosa personagem americana 'Vampirella' só apareceria dois anos depois.


Foi também na revista da Mirza que apareceu outro marco dos quadrinhos de terror no Brasil: "O Morto do Pântano".
Um morto vivo putrefato, armado com um grande machado...



...mas que vinga os injustiçados, e pune assassinos e bandidos (e na moral da época, plantadores de maconha) que por azar acabam entrando em seu território fétido. Cínico e cheio de humor negro, o Morto do Pântano foi criado pela mesma dupla da vampirinha: Luis Meri (ou como assinava antes Luis Quevedo) e Collonnese, e servia de contraponto para as histórias cheias de sedução da anfitriã da revista.





A pequena Editora Fase (do Rio de Janeiro), publicou dois números de "Incrível! Fantástico! Extraordinário!" (1969)...



...inspirada no lançamento do filme de terror nacional de mesmo nome...


...que por sua vez, era baseado no programa radiofônico da rádio Tupi criado em 1947 por Henrique Fôreis Domingues, o 'Almirante', que trazia relatos sobrenaturais e histórias de fantasmas  contados pelos ouvintes. A série de programas (transmitida sempre às sextas feiras à meia noite) foi um enorme sucesso, e o próprio radialista, cantor e compositor publicou um livro pela Edições O Cruzeiro em 1951...


As Hqs seguiam a mesma linha, com desenhos simples, e adaptando 'histórias que o povo conta'...




Salvador Bentivegna, dono da editora Pan Juvenil (conhecida por suas revistas de cartuns picantes e fotos sensuais) se associou ao gráfico Jinky Yamamoto e ao desenhista Minami Keizi (1945-2009, considerado um dos responsáveis pela introdução do estilo mangá no Brasil, e 'pai' do bonequinho símbolo da editora: o 'Tupãzinho', personagem inspirado no mangá "Astro Boy" de Osamu Tezuka, que ele havia criado na Pan Juvenil, e publicado também em jornais), e fundaram a Editora Edrel.

 Na EDREL, trabalharam vários outros desenhistas descendentes de japoneses, dentre eles, Claudio Seto, Fernando Ikoma,e os irmãos Paulo e Roberto Fukue.


A editora publicava revistas de piadas/cartuns eróticos, personagens inspirados em mangás, e gibis de terror com algumas novidades... 



"Humor Negro" foi um gibi pioneiro na arte de brincar com os monstros e criaturas do terror. Os primeiros dois números foram publicados ainda pela Pan Juvenil em 1964, e o título continuou na Edrel em 1966.


"Terror e Guerra" (1968) como anuncia seu título, trazia histórias sobrenaturais durante a Segunda Grande Guerra.




A "Revista de Terror" tinha como personagem principal 'Satã, A Alma Penada', criação de Fernando Ikoma (1945, descendente de japoneses, que depois desenharia para a EBAL e para a Abril, dedicando-se depois as artes plásticas).  Satã era uma mulher extremamente má que, após sua morte, é condenada pelos Juízes do Além a praticar 100 boas ações em diferentes locais do mundo. Ela é assessorada pelo corcunda mudo Boo, e a dupla encara feitiços, doenças psíquicas, criaturas desajustadas e traumas gerados por dramas internos de pessoas normais.  





Uma mistura de terror psicológico com espiritualismo, que também aparecia em outras publicações 'diferentonas' da editora...





Além dos novos talentos, a Edrel também contava com trabalhos de veteranos, como Nico Rosso e R.F. Lucchetti. A HQ "A Prisioneira" (publicada em "Terror Especial" # 16 -1971, mostra uma arte de Rosso meio distorcida, 'moderna', mais próxima  do espírito experimental da editora, e um roteiro de terror psicológico.





A "Revista de Terror" também tinha especiais (que seguiam a mesma numeração das edições comuns) chamadas de "Fantastikon- Panorama do Irreal", que eram edições temáticas e caprichadas, com Hqs em duas cores, e matérias sobre os temas e sobre cinema...




A edição sobre vampiros trazia uma história sensual e moderna, escrita por *Rubens Francisco Lucchetti, e desenhada por Nico Rosso...




⭐ R.F. Lucchetti (Janeiro de 1930) é um jornalista, escritor, roteirista de cinema, teatro, rádio, fotonovelas e quadrinhos. Considerado o 'Papa da Pulp Fiction no Brasil', e nosso primeiro e mais prolífico escritor de terror. 



Sua primeira história em quadrinhos foi uma adaptação do conto "A Única Testemunha", ilustrada por Paulo Hamasaki, publicada na segunda edição da revista "O Corvo", da Editora Outubro em 1964. Escreveu inúmeros roteiros de histórias em quadrinhos para alguns dos maiores desenhistas do Brasil, como Nico Rosso, Colonnese, Zalla, Shimamoto, Sérgio Lima, Flávio Colin, e outros. Em 1966 iniciou uma parceria com o cineasta José Mojica Marins, para o qual escreveu quase duas dezenas de roteiros de longas-metragens e, entre outras coisas, os scripts dos programas de tevê "Além, Muito Além do Além" e "O Estranho Mundo de Zé do Caixão". O mesmo título foi utilizado para o projeto de Lucchetti e Rosso  editado pela Editora Prelúdio. Uma revista revolucionária...


"O Estranho Mundo de Zé do Caixão" (1969), além de adaptações em fotonovela de filmes de Zé do Caixão, trazia também histórias em quadrinhos de terror escritas por Lucchetti, desenhadas por Nico Rosso, e apresentadas por Zé do Caixão 'em pessoa' !





'A despeito de seu alto preço, NCr$ 2,00 (na época, um gibi comum custava NCr$ 0,40), a primeira impressão de vinte mil exemplares se esgotou rapidamente, sem sequer ser distribuída fora da cidade de São Paulo. Às pressas, a Prelúdio rodou mais vinte mil exemplares, para vender no resto do país.
A revista foi um sucesso, um fenômeno editorial.'

(https://www.rflucchetti.com.br/textos/a-revista-o-estranho-mundo-de-ze-do-caix%C3%A3o/) 


A Prelúdio continuou aumentando a tiragem do seu sucesso, mas uma outra (e menor) editora paulista lhes aplicou um 'golpe'.  A desconhecida Editora Dorkas negociou diretamente com Mojica um percentual mais alto na venda das revistas, o que ele aceitou sem comunicar a Prelúdio ou a Lucchetti. Os # 5 e 6 saíram pela nova editora, com menos páginas, papel inferior, e substituindo Nico Rosso por Rodolfo Zalla.
' As vendas caíram. Depois de apenas dois números mal-sucedidos, Mojica retornou a Prelúdio, implorando para que voltassem a publicar a revista. Como os direitos sobre o título pertenciam agora à Dorkas, a Prelúdio foi obrigada a mudar o nome da revista para "Zé do Caixão no Reino do Terror". Foram lançados dois números, mas a falta de periodicidade e a mudança no título haviam matado o gibi'
                                               (André Barcinski/Ivan Finotti em "Maldito")
                                            

A Prelúdio ainda editaria dois títulos de terror baseados em programas populares: "Histórias Que o Povo Conta" (1969)...



 Revista de HQ inspirada em um dos quadros do Programa Silvio Santos de mesmo nome, apresentado e narrado pelo próprio artista na Rádio Nacional. No programa de rádio, os casos sobrenaturais, eram enviadas pelos ouvintes, mas na revista eram criadas por R. F. Lucchetti, supostamente remetidos pelos leitores.  O apresentador Silvio Santos também era o narrador das histórias no gibi, que eram desenhadas por Sérgio Lima.


Nos mesmos moldes era "O Homem do Sapato Branco" (no Terror do Mundo Cão, 1969)...


Inspirado no programa homônimo de Jacinto Figueira Júnior, exibido na TV Globo em 1966. Os casos de sobrenatural, crimes violentos e sexo, eram também roteirizados por Lucchetti, com arte de Eugenio Colonnese.

A Prelúdio foi uma editora de São Paulo (fundada em 1952 pelos irmãos Arlindo Pinto de Souza e Armando Augusto Lope ), que ficou conhecida por publicar os grandes clássicos da literatura de cordel do Brasil. O desenhista Sérgio Lima, antes de se dedicar ao terror trabalhou na Editora Prelúdio, ilustrando folhetos de cordel, e revistas em quadrinhos como "Juvêncio, o Justiceiro do Sertão", baseado em um programa de rádio, e  adaptações de cordéis como a clássica  "A Chegada de Lampião no Inferno" de José Pacheco...




🕇 O final dos 1960  marcou o gênero com o fim trágico de um dos artistas conhecidos da época: Lyrio Aragão (1933-1968). 
 ⭐ LYRIO ARAGÃO: Descendente de espanhóis, nascido no interior de São Paulo, Aragão era investigador da polícia (assim como Gedeone Malagola), e desenhava por prazer. Fazia HQs, capas, e charges (suas 'Piadas do Além'). Publicou na Continental/Outubro, Taika, e Jotaesse. 


   Lyrio Aragão com modelos para seus desenhos - fotos: Nostalgia do Terror. com



Divertido, colocava apelidos macabros em seus colegas (Shimamoto era 'Shimamorto'), e humor em suas histórias. Brincava com a própria profissão criando diversos detetives policiais engraçados (como o famoso Detetive Teobaldo). 



Com o fracasso do movimento pela nacionalização dos quadrinhos (em que foi bastante engajado), e a redução de trabalho com o boicote das grande editoras, Aragão passou sem sucesso pela publicidade, e acabou voltando para a polícia. Sua alegria havia acabado, e no último dia de 1968 cometeu suicídio.


                                                                         CONTINUA...

      Fontes bibliográficas, pesquisas na web, ilustrações

- Gonçalo Junior "Enciclopédia dos Monstros" (Ediouro 2008)
- Rudolf Piper em "O Grande Livro do Terror" (Argos, 1978)
-André Barcinski & Ivan Finotti "Maldito, a Vida e o Cinema de José Mojica Marins, o Zé do Caixão" (Editora 34, 1998)
- Enciclopédia dos Quadrinhos- Goida & André Kleinert (L&PM, 2011)





-ULTIMATO DO BACON:


-Wikipedia

-Komic-Kazi (Flickr) 

BDTD:



-R.F.Lucchetti-O Mestre do Horror

- Jayme Cortez- 

- Histórias Comentadas (sobre Ivan Saidenberg) -


-Hero Histories-

-Bigorna.Net - https://www.bigorna.net/

NOSTALGIA DO TERROR- 


 GALERIA:













Os gibis muitas vezes republicavam histórias e capas em revistas diferentes. Acima o # 1 de "Sobrenatural" (1954), e abaixo, o # 27 de "Histórias de Terror" (dezembro de 1962) com a mesma arte da capa, mas com o conteúdo da revista diferente.





Sempre um grande ilustrador, às vezes Jayme Cortez se superava, e criava verdadeiras obras de arte para as capas das publicações da La Selva...




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