RKO- Terror, Sci-fi & Fantasia 2

Em termos gerais, 1946 talvez tenha sido o melhor ano para a RKO, arrecadando mais de US$ 12 milhões em lucros e lançando 38 filmes, alguns dos quais receberam grande aclamação da crítica. Infelizmente, o chefe do estúdio Charles Koerner, o homem responsável por esse sucesso, morreu de leucemia no início do ano. 

"Bedlam" (Asilo Sinistro, USA 1946) de Mark Robson, produção Val Lewton

Londres de 1791, uma diversão popular das classes ricas era ir ao asilo para doentes mentais St. Mary of Bethehem, conhecido como Bedlam, para ver os 'lunáticos' presos.

 Quando a jovem atriz Nell Bowen (Anna Lee) vê a forma brutal como os internos são tratados, ela tenta se levantar para conseguir reformar o asilo, e mudar o tratamento dos doentes . 

Em vez disso, seu patrono, o corrupto Lord Mortimer (Billy House) , e George Sims (Boris Karloff), o sádico mestre do asilo, conspiram para que ela seja internada em Bedlam.

Seu medo inicial em relação aos outros presos não alteram seu compromisso em melhorar suas condições, e ela dedica seu tempo naquele 'inferno'  cuidando do conforto de seus colegas . Alarmado com a libertação iminente de Bowen, após a pressão legal de um político, Sims planeja aplicar sua 'cura' mais drástica nela. Os presos que Nell ajudou frustram sua tentativa, o 'julgam', ferem, e acreditando que esteja morto, o emparedam vivo .

 Drama de época e terror, inspirado na série de pinturas de William Hogarth, 'A Rake's Progress' (1732 a 1734, que aparecem nos créditos iniciais do filme) , com Hogarth recebendo crédito como roteirista, junto com Val Lewton e Mark Robson. O terror aqui é 'sociológico', e não sobrenatural, e o medo vem através das 'pessoas normais', não dos 'loucos'. 

Várias cenas extraordinárias nos fazem ter simpatia pelos internos- o misterioso jogo de cartas jogado com dinheiro imaginário; ou o bizarro jantar, onde um menino pintado de dourado recita diante de nobres e é ignorado ao morrer; e a cena em que Anna Lee é colocada em uma cela com um assassino enlouquecido, que se mostra respeitoso...

O desempenho de Boris Karloff como o cruel e provocador Mestre Sims é excelente e Anna Lee é boa como Nell. Com uma mistura complexa de metáforas literárias e análises históricas, este é sem dúvida um dos filmes mais bem escritos e também dos mais esquecidos de Val Lewton.

                   https://ok.ru/video/1427935791856

"The Spiral Staircase" (Silêncio nas Trevas, 1946) de Curt Siodmak

Em 1916, a bela e jovem muda Helen (Dorothy McGuire) é empregada doméstica da idosa e doente Sra. Warren (Ethel Barrymore), cujos dois filhos adultos, o professor Albert ( George Brent)  e o atrevido mulherengo Steve (Gordon Oliver), também moram na antiga mansão Warren. 

A Sra. Warren fica preocupada com a segurança de Helen quando uma série de assassinatos brutais envolvendo mulheres com deficiência, ou 'deformidade' atinge a vizinhança. Ela implora a seu médico, Dr. Parry (Kent Smith) , que leve Helen embora para sua própria segurança. O Doutor Parry passa a temer que Helen (por quem está apaixonado) possa se tornar a próxima vítima. Inicialmente, a moça acredita estar segura no casarão, mas quando outro assassinato ocorre, fica óbvio que o misterioso assassino pode estar mais próximo do que ela imagina.

Drama de mistério e terror baseado no romance  "Some Must Watch" de Ethel Lina White (que também escreveu o romance no qual "The Lady Vanishes", de Alfred Hitchcock, foi baseado), e nas mãos mais do que capazes do diretor Robert Siodmak (1902-2000, escritor, roteirista e diretor) , é banhado em trevas e sombras. Siodmak pega essa estética expressionista e a insere em uma história que é basicamente um filme de 'casa mal-assombrada', e um  slasher/giallo primitivo.  A fotografia em preto e branco apenas realça o suspense cada vez mais crescente, em uma mistura de filme Noir e terror gótico.

"The Spiral Staircase" apresenta algumas performances ótimas, especialmente de Dorothy McGuire, desempenhando (excepcionalmente) um papel principal como a garota muda. 

Em outra parte do elenco, está a grande e velha dama Ethel Barrymore, que governa a mansão desde seu leito de morte, e uma atuação bem cômica de Elsa Lanchester (a própria "Noiva de Frankenstein" de 1935) como uma cozinheira bêbada.

      https://www.youtube.com/watch?v=MOarDyom0Lo

"Genius at Work" (Gênios Fracassados, USA, 1946) de Leslie Goodwins

Jerry Miles (Wally Brown)  e Mike Strager (Alan Carney)  apresentam um programa de mistérios insolúveis no rádio, "Crime of the Week", com a jovem Ellen Brent (Anne Jeffreys) escrevendo seus roteiros. Quando ela escreve sobre o sequestro do milionário John Saunders por alguém chamado 'A Cobra' , ela chega muito perto da verdade.

Acontece que o dono da estação de rádio, Latimer Marsh (Lionel Atwill), é o vilão Cobra, auxiliado em seus crimes diabólicos por seu sádico mordomo Stone (Bela Lugosi).

  Ellen é dopada com clorofórmio, sequestrada,  e é feita uma tentativa de incriminá-la pelo sequestro e assassinato do milionário. Os desajeitados e covardes Jerry e Mike tentam ajudá-la à sua maneira, mas acabam presos na terrível câmara de torturas do Cobra. O corajoso tenente Rick Campbell (Marc Cramer) é quem acaba salvando todos eles.

Comédia policial com elementos de thriller de terror. Depois de "Zombies on Broadway" (1945), a RKO tentou novamente promover Brown e Carney como uma dupla de comédia rival de Abbott e Costello. O filme é um remake de "The Nitwits" (1935), uma das melhores comédias da dupla Wheeler & Woolsey, que por sua vez influenciou "Who Done It?" (Quem é o Culpado?,1942), um clássico de Abbott & Costello. "Genius at Work" não é nem um terço tão bom quanto qualquer um deles.  Lionel Atwill (1885-1946), em seu último filme, faz um vilão sádico competente como sempre, mas Lugosi definha tristemente à margem, desperdiçado como seu mordomo.

    https://www.youtube.com/watch?v=NTtabIXZKdY

"Dick Tracy Meets Gruesome" (Dick Tracy Contra o Monstro, USA 1947) de John Rawlins

O professor universitário A. Tomic (Milton Parsons) completa a fórmula secreta um gás experimental que deixa qualquer criatura que o respire 'congelada' por cerca de 12 minutos, antes de sair desse estado sem qualquer conhecimento do que aconteceu. Recém-saído da prisão, o ameaçador Gruesome (Boris Karloff) vai com seu antigo parceiro do crime, Melody ( Tony Barrett ) - um pianista-  até um fabricante de plásticos, onde X-Ray ( Skelton Knaggs ) e um misterioso gênio criminoso estão de posse do gás, e tramando um plano sinistro.

Ignorando um aviso para não tocar em nada, Gruesome cheira a fumaça tóxica de um misterioso tubo de ensaio , e 'apaga'. A polícia pensa que ele está morto e o leva para o necrotério,  onde seu corpo enrijece dramaticamente .

 O detetive Dick Tracy ( Ralph Byrd ) está na sede da polícia conversando com o Dr. A. Tomic ( Milton Parsons ), que suspeita que alguém o esteja seguindo. No necrotério, Pat ( Lyle Latell ), companheiro de Tracy, está de costas quando Gruesome acorda e o nocauteia. Pat o descreve para Tracy como muito parecido com... o ator Boris Karloff.

 Quando Gruesome e a gangue mais tarde usam o gás para roubar um banco, Tracy percebe que deve dedicar toda a sua atenção para detê-los.

Aventura policial noir baseada no personagem de história em quadrinhos criada por Chester Gould em 1931. Dick Tracy, um detetive policial durão e inteligente , sempre às voltas com vilões bizarros e seus planos divertidamente macabros . 

A RKO produziu quatro filmes com o personagem entre 1946 e 1947, e "Gruesome" é provavelmente o mais conhecido deles, com os vilões assustadores interpretados por Boris Karloff e Skelton Knaggs...

...e uma história com toques de sci-fi, terror e muito humor negro. 

      https://www.youtube.com/watch?v=Hq-UARIJwxs

*** Em1948, o magnata Howard Hughes comprou ações suficientes para obter o controle da RKO. Isso precipitou outra mudança no controle criativo da produtora, que por sua vez levou à demissão de 75% dos trabalhadores do estúdio em julho, e à paralisação virtual da produção...marcando o início do lento fim do estúdio...

"Mighty Joe Young" (Monstro de um Mundo Perdido, USA 1949) de Ernest B. Schoedsack, argumento e produção- Merian C. Cooper

O promotor de show business Max O'Hara (Robert Armstrong) monta uma expedição à África para procurar atrações para seu novo clube noturno em Hollywood. 

A expedição se mostra monótona até que O'Hara conhece Jill Young (Terry Moore), uma garota que mantém um gorila domesticado de quatro metros de altura - que ela chama de Joe- como seu melhor amigo. 

O'Hara convence Jill a levar Joe para os EUA como atração teatral, prometendo que ela e Joe serão um grande sucesso  e ficarão ricos em semanas. Precisando da renda, ela concorda em levar Joe para Hollywood. 

  

O show realmente faz sucesso, com Joe levantando uma grande plataforma acima de sua cabeça, segurando Jill que toca um piano de cauda, ou demonstrando sua força contra dez homens musculosos...

A popularidade de Joe cresce, mas na 17ª semana, ele está cansado de se apresentar e com saudades de casa. Infeliz em sua jaula, Joe tenta ignorar três bêbados que se infiltraram nos bastidores; eles oferecem a Joe uma garrafa de uísque aberta e ele fica embriagado. Provocando-o, os bêbados queimam os dedos de Joe com um isqueiro. Rugindo de dor e raiva, ele irrompe, destruindo o interior da boate, e fugindo. Uma ordem judicial ordena que Joe seja morto.  O'Hara e Jill elaboram um plano para tirá-lo do país usando uma van de mudança e depois um navio de carga...

Drama de aventura de fantasia, feita claramente na esteira do clássico "King Kong" (1933). Reúne os diretores de Kong, Ernest B. Schoedsak e Merian C. Cooper e a roteirista Ruth Rose, apresenta Robert Armstrong desempenhando essencialmente o mesmo papel, e Willis O'Brien supervisionando os efeitos em stop-motion, para não mencionar o fato de que também apresenta outro gorila gigante que também tem uma relação especial com uma garota loira. Mas apesar de ficar na sombra de "King Kong" , Joe Young prova ser um filme original, divertido e terno.

O clímax do orfanato com as cenas incríveis de Joe fugindo de uma árvore em chamas carregando um bebê, ou fugindo com Terry Moore nas costas, mostra um certo carinho em Joe que nunca houve em King Kong...

... mas "Mighty Joe Young" é, fora isso, uma obra-prima em stop-motion, e marca também o primeiro trabalho no cinema de Ray Harryhausen como assistente de animação de O'Brien, que se concentrou em resolver os diversos problemas técnicos da produção, delegando a maior parte da  animação a Harryhausen, Pete Peterson e Marcel Delgado.

         https://rarelust.com/mighty-joe-young-1949/

"The Thing From Another World" (O Monstro do Ártico, 1951) de Christian Nyby (e Howard Hawks)

O jornalista Ned 'Scotty' Scott (Douglas Spencer) se junta ao capitão da Força Aérea Patrick Hendry (Kenneth Tobey) em um voo para uma base no Polo Norte para investigar o local da queda de um meteorito. Eles chegam ao local do acidente e descobrem um disco voador enterrado sob o gelo. 

As tentativas de descobrir o disco usando cargas explosivas acabam destruindo-o. Eles encontram um corpo congelado, desenterram o bloco de gelo ao redor e o levam de volta à base.

 Um cobertor elétrico que passa sob o bloco de gelo descongela a criatura alienígena, que revive, escapa, e é atacada pelos cães de trenó. Dois cães são mortos, mas a criatura perde a maior parte do antebraço direito. Os cientistas examinam o braço, concluindo que o alienígena é uma forma avançada de vida vegetal. 

Ela imediatamente começa a atacar os homens, e se mostra imune às balas quando eles tentam revidar. Enquanto os homens tentam encontrar uma maneira de deter a criatura antes que ela os mate, Hendry vê seus esforços frustrados pelo Dr. Arthur Carrington (Robert Cornthwaite) , que está convencido de sua superioridade em relação aos humanos e tem a intenção de se comunicar com ele, insistindo que não seja ferida para que possam estudá-la.

Aventura de sci-fi e terror, livremente baseada na novela " Who Goes There? " (1938) de John W. Campbell Jr., produzida por Edward Lasker e Howard Hawks  através da Winchester Pictures Corporation para a RKO. O até então editor Christian Nyby foi o diretor creditado de "The Thing" , mas, muitos acreditam que Howard Hawks realmente dirigiu o filme - além de ter produzido e colaborado com o roteiro. Quem quer que tenha dirigido, o filme tem o estilo de Hawks, e é o que o torna especial. Hawks sempre deu preferência aos personagens acima da história, e dos jogos de câmera,  e aqui não é diferente. 

Os personagens são bem desenvolvidos, e com nuances, e  parecem autenticamente... humanos! Nunca ficamos entediados quando o monstro não está por perto porque amamos as pessoas que ele aterroriza.

Falando no monstro...a direção faz um ótimo trabalho ao transformar todas as aparições da criatura em algo assustador. Mas, o monstro em si, é decepcionante, parece não muito mais do que um ator - na verdade, um jovem James Arness , que faria fama com a série de TV "Gunsmoke" (1955-75)  - em um macacão roto, com uma grande cabeça (ao estilo 'Frankenstein') raspada .

"The Thing" foi lançado em abril de 1951, e no final daquele ano, o filme havia acumulado um bom lucro, tornando-se a 46º maior bilheteria do ano, superando todos os outros filmes de ficção científica lançados naquele ano, incluindo os ótimos "O Dia em que a Terra Parou, e "When Worlds Collide" (O Fim do Mundo).

O filme é hoje considerado um dos melhores filmes de 1951 e um dos grandes filmes de ficção científica da década de 1950.

    https://archive.org/details/the-thing-from-another-world

"Port Sinister" ( A Ilha dos Homens Sem Alma, USA, 1953) de Harold Daniels

Tony Ferris ( James Warren ), cientista do Instituto de Oceanografia, busca fundos para explorar a mítica e perdida ilha pirata de Port Royal. Depois de afundar sob as ondas no final do século XVII devido a uma erupção vulcânica, ela aparece brevemente, de vez em quando, graças às mesmas forças geológicas. Ferris calcula que ele aparecerá novamente em duas semanas e quer embarcar em um navio para investigar.

  

O ambicioso  John Kolvac ( Paul Cavanagh ) entra no quarto de hotel de Ferris, roubando seus mapas e documentos secretos e, ao mesmo tempo tempo deixando Ferris inconsciente. Kolvac se junta ao astuto vilão Collins (William Schallert ), que sequestra a tripulação, o navio e a cética, mas bonita geóloga Dra. Joan Hunter ( Lynne Roberts ), enquanto Ferris se recupera  no hospital. 

Percebendo que o navio navegou literalmente sem ele, contrata o piloto independente Jim Garry ( House Peters, Jr. ), que concorda em levá-lo através de uma tempestade até a ilha mítica em seu hidroavião. Ferris e Garry precisam pular de para-quedas na ilha, e além de 'areias movediças de lava', rochas traiçoeiras, erupções vulcânicas e caranguejos monstros gigantes...

... precisam enfrentar os bandidos que estão em busca de baús de tesouro dos piratas.

Aventura de sci-fi e terror 'C' produzido por Jack Pollexfen e Albert Zugsmith de forma independente (pelo selo American Pictures Company) para a RKO. 

Também conhecido como "Beast of Paradise Island",  o pequeno e barato  filme acaba sendo uma aventura bem rotineira, com alguns elementos fantásticos, e 'os caranguejos gigantes'! 

O monstro foi interpretado (segundo os próprios realizadores) por um caranguejo de verdade, morto, e movido com cordas de marionete! Para quem já havia produzido "King Kong" e "Mighty Joe Young".........

     https://www.youtube.com/watch?v=rGafOIeQgWo

*** 1953-1954 foram anos de mais desastre para o estúdio, que estava atolado em ações judiciais. A empresa voltou ao controle de Howard Hughes (que adquiriu todas as ações em circulação da empresa, tornando-se o primeiro indivíduo a possuir um grande estúdio desde a era dos filmes mudos), mas a trajetória descendente da RKO continuou, com cada vez menos filmes lançados e/ou distribuídos. 

"Killers From Space" (Mundos que se Chocam, 1953) de W. Lee Wilder

Depois de um teste de detonação nuclar em Nevada,  o cientista  Doug Martin (Peter Graves) sobrevoa a área para fazer leituras, mas algo faz com que o avião caia. O piloto morre no acidente e Martin acredita-se morto. Ele então inexplicavelmente aparece vivo novamente, mas sem memória do que aconteceu e com uma misteriosa cicatriz cirúrgica no peito.

 Sob uma injeção de pentotal de sódio, Martin revela que após a queda do avião ele foi revivido dos mortos por alienígenas do planeta Astron Delta. 

Com seu sol prestes a se extinguir, os alienígenas querem colonizar a Terra. Eles estão planejando aproveitar a energia dos testes da bomba atômica para criar animais gigantescos (lagartos, louva-a-deus, besouros e aranhas) para exterminar a humanidade. 

Martin foi hipnotizado e enviado de volta para saber quando o próximo teste de bomba explodirá. Os militares consideram a história de Martin uma loucura. Ao lembrar o que aconteceu, Martin percebe que há uma maneira de destruir os alienígenas e luta para detê-los.

Aventura de sci-fi classe 'B', produzida pela Planet Filmways (do produtor/diretor especialista W.Lee Wider) para a RKO. Toda a primeira metade do filme parece mais um thriller policial dos anos 1940, com o FBI perseguindo Martin por suspeita de roubar segredos atômicos. Então o filme perde totalmente a credibilidade quando apresenta os alienígenas de aparência ridícula, em macacões encapuzados e com olhos de bola de pingue-pongue e grossas sobrancelhas (maquiagens de Harry Thomas, técnico que ficou conhecido por inúmeros trabalhos em filmes classe 'Z').

"Killers from Space" é uma mistura peculiar da maioria dos temas  da ficção científica da época-   invasor alienígena,  controle da mente...

... abdução e implantes alienígenas, ameaça atômica, e animais agigantados...feito sem dinheiro e criatividade. Diverte hoje por conta de sua aura Trash.

       https://www.youtube.com/watch?v=PJIcCkJQlEE 

*** 1957 marcou o fim da produção da RKO Radio Pictures original. Toda a produção foi interrompida em janeiro e a distribuição ficou a cargo da Universal-International . Embora o estúdio não produzisse mais filmes, lançaria 12 já feitos no período de três anos de 1958 a 1960, entre eles...

"From the Earth to the Moon" (Da Terra à Lua, USA 1958) de Byron Haskin

 1868- O fabricante de munições Victor Barbicane (Joseph Cotten) anuncia a descoberta do Power X, o explosivo mais poderoso já criado. Ele é violentamente criticado por Stuyvesant Nicholl (George Sanders), fabricante de um aço ultra-resistente que o Power X penetra facilmente.

Barbicane recebe então um apelo pessoal secreto do Presidente Ulysses S. Grant (Morris Ankrum) pedindo-lhe que abandone os testes com o explosivo para impedir que outras nações acreditem ser um fomento à guerra americano. Abandonado pelos seus apoiadores e pelo público por sua teimosia, Barbicane apresenta um novo esquema – construir um canhão que disparará um projétil tripulado para a órbita da Lua. Para tanto, ele recruta a ajuda de Nicholl - querendo seu metal como revestimento do projétil- e o convida para se juntar à expedição. 

O lançamento é um sucesso, mas, depois de estarem no espaço, Nicholl, por questões filosóficas/religiosas faz tudo o que pode para sabotar a expedição. Além disso, eles enfrentam uma chuva de meteoros, e descobrem que existe uma clandestina à bordo: Virginia (Debra Paget), a corajosa e teimosa filha de Nicholl...

Aventura de sci-fi e fantasia baseada no romance homônimo de Jules Verne, de 1865. "Da Terra à Lua" foi produzido de forma razoavelmente luxuosa - o foguete tem  interiores  luxuosos no estilo retro-vitoriano que se tornou obrigatório para essas adaptações de Verne, bem como uma série de dispositivos de motor mecânico ao estilo  'Steampunk'; e foi filmado em Technicolor. 

Mas, e matéria de efeitos especiais é bem econômico- tanto o lançamento do foguete, quanto seu pouso na Lua ocorrem fora da tela. Outro problema é o roteiro, que justamente no momento em que entramos no espaço e chegamos ao que promete ser a parte mais interessante da história, o filme desacelera e se torna um drama sobre dois rivais lutando entre si dentro da cabine.

 A produção do filme teve origem na RKO Pictures , mas quando a produtora entrou em falência, o filme foi adquirido e lançado pela Warner Brothers .

      https://www.youtube.com/watch?v=QJK5EiB98cw

        *** A RKO Pictures foi dissolvida em 1959 ...

A lendária produtora seria homenageada no grande cult movie "The Rocky Horror Picture Show" (1975) de Jim Sharman. Além de vários filmes da RKO serem citados, a expressão  'by RKO' é ouvida durante o verso final da música de abertura,  "Science Fiction, Double Feature ".

O logotipo da torre que apareceu como cartão de título inicial de cada filme lançado pela RKO é parodiado no ato final, mais notavelmente quando ' a criatura' Rocky Horror (Peter Winwood) carrega seu amor, Dr. Furter (Tim Curry) , subindo a torre em homenagem a King Kong, e o cenário é revelado antes da música " Don't Dream It, Be It "... 

                              FONTES:

- Arquivos do Autor

Livros:

- "The Overlook Film Encyclopedia- HORROR" de Phil Hardy (Overlook Press, NY/USA 1993)

- "The Psychotronic Encyclopedia of Film" de Michael Weldon (Plexus, Londres,UK 1983)

- "Zumbis, o Livro dos Mortos" de Jamie Russell (Leya/Barba Negra, SP, Brasil 2010)

- "A Pictorial History of Horror Movies" de Denis Gifford (Exeter Books, NY,USA 1984)

WEB:

-IMDB

-Wikipédia

- Moria- Sci-fi, Horror and Fantasy Film Review -           https://www.moriareviews.com/

- Fangoria - https://www.fangoria.com/movies/

- Midnight Only - https://www.midnightonly.com/

- Collider- https://collider.com/cat-people-movie-1942-techniques/