Museu Coffin Souza: MÉXICO MACABRO !!!

¡Qué Viva Mexico!

'Até ao primeiro contato com os europeus, em 1519, no território ocupado pelo atual México, floresceram uma série de civilizações pré-colombianas, como a Maia ou a Asteca, entre as mais conhecidas. Com a ajuda de armas de fogo, de outros povos nativos e de doenças pandêmicas transportadas da Europa, os espanhóis dizimaram a civilização asteca que na época era dominante. Durante o período colonial, surgiu um novo grupo étnico, os mestiços, frequentemente resultado de violações sexuais perpetradas pelos conquistadores espanhóis sobre os povos nativos. Na nova pirâmide social, os europeus ocupavam o lugar mais alto, seguidos dos mestiços e, finalmente, surgiam os nativos.

A partir de 1821, concluído o processo de colonização e declarada a independência, o México atravessou um período de guerras, instabilidade política e uma ditadura, perdendo uma parte significativa do território a favor dos Estados Unidos, culminando na Revolução Mexicana, entre 20 de novembro de 1910 e dezembro de 1920. Apenas a maior estabilidade política da década de 1930 impulsionou a cinematografia mexicana – de um filme produzido em 1931, passou para 21 em 1933 – culminando na 'Era de Ouro do Cinema Mexicano', entre 1936 e 1959, em que o país dominou a produção latino-americana e obteve o reconhecimento internacional...'

(https://apaladewalsh.com/2017/09/terror-em-terra-quente-fragmentos-da-america-latina/)

CINEMA DE TERROR MEXICANO

Apesar de pouco comentado, o cinema de horror mexicano é um dos mais populares do gênero. Atualmente, o diretor mexicano Guillermo del Toro conseguiu se destacar mundialmente com seus filmes de fantasia e horror, mas os mexicanos já têm uma longa estrada percorrida no gênero, que vem desde os anos 30. O cinema de terror mexicano caracteriza-se pela exploração da cultura, do folclore, da religiosidade, e das lendas mexicanas, com foco na criação de medo e atmosfera. Mas, também misturado com influências do terror clássico americano, e do cinema gótico italiano; além de música, humor, heróis bigodudos, chicas calientes, e luta (Lucha) livre (Libre)...

Prepare uma tequila, ou uma cerveza, tacos, nachos, e me acompanhem...

No México, o primeiro filme sonoro foi lançado em 1932 - na mesma época que estourava internacionalmente, o ciclo de filmes de terror da Universal Pictures. O primeiro filme sonoro de terror mexicano foi "La Llorona" (1933) de Ramón Peón (que era cubano) , escrito por Fernando de Fuentes e Carlos Noriega Hope .

A história é baseada na lenda de La llorona, um fantasma vingativo do folclore hispano-americano que vagaria lamentando a morte de seus filhos, que ela afogou em um ataque de ciúmes após descobrir a infidelidade do marido. Ouvir seu choro seria certeza de muito azar e/ou morte...

O filme mistura a lenda com a história (real) de Doña Marina/ La Malinche , a mulher Nahua que serviu como intérprete e amante do conquistador espanhol Hernán Cortés , e também lhe deu um filho...que foi retirado dela à força, levando-a à loucura e suicídio...

https://www.youtube.com/watch?v=_F2Ct1MPuaI

Após o sucesso de "La Llorona" , o produtor Jorge Pezet decidiu fazer outro filme de terror, agora baseado nas múmias ressecadas exibidas no Museu de El Carmen (um antigo convento em San Ángel) . Juntamente com o diretor Fernando de Fuentes e Juan Bustillo Oro, foi desenvolvido o roteiro de "El fantasma del convento" (O Fantasma do Convento, 1934) de Fernando de Fuentes

Três jovens adultos se perdem nas montanhas, e são forçados a passar a noite em um mosteiro.

Após alguns acontecimentos estranhos, o velho Padre Superior (Paco Martinez) conta-lhes a história de um monge já falecido , que antes de entrar na ordem, havia vendido sua alma para possuir a mulher de um amigo.

Depois de outros eventos , a múmia viva do monge 'pecador' aparece para mostrar o 'Livro do Mal', e no final, ele descobrem que seus anfitriões estavam todos mortos e mumificados...

Filme impactante, com cenas marcantes, e ótimo uso do som. As filmagens ocorreram no mosteiro real de Teotzotlán ...

https://www.youtube.com/watch?v=fMDAsy4_EeA

"Dos monjes" (Dois Monges, 1934) e "El Misterio del rostro pálido" (1935), do diretor Juan Bustillo Oro (1904-1989) , são tidos como os primeiros filmes clássicos de horror do país, e assim, Oro é considerado o 'Pai do Terror Mexicano'.

Em "Dos Monjes" , Oro - que havia co-roteirizado "El Fantasma del Convento"- volta a um mosteiro, e a um conflito entre dois monges por causa do amor de uma mulher. O irmão Javier (Carlos Villatoro), mais velho, que parece possuído por espíritos, e o novato Juan (Víctor Urruchúa ), encarregado de consolá-lo, são rivais antigos em um triângulo amoroso.

Depois de cada um contar a sua versão da história, Javier, enlouquecido, imagina os outros monges como figuras grotescas e primitivas prestes a atacá-lo...

O diretor Juan Bustillo Oro acrescentou elementos ao roteiro banal, introduzindo flashbacks dos dois personagens, uma subjetividade acentuada e um estilo gótico e surreal inspirado por sua admiração pelos expressionistas alemães. "Dos Monjes" se passa em um magnífico mosteiro cavernoso, dominado por sombras sufocantes e figuras grotescas e distorcidas de santos torturados e de um Cristo crucificado.

https://www.youtube.com/watch?v=UR1xkIKqHpg

"El Misterio del Rostro Pálido", apresenta o Dr. Galdino (Carlos Villarias), um médico obcecado em encontrar a cura para uma doença estranha que está matando lentamente seus pacientes.

Desesperado, ele embarca com seu filho em uma perigosa expedição pela selva para estudar a medicina dos nativos. Oito anos depois, ele retorna de sua viagem sem o filho e na companhia de uma pessoa estranha com uma sinistra máscara pálida, e que toca uma melodia triste em um violino.

Oro trabalha com um mistério de terror puro, com influências de Sir Arthur Conan Doyle , e do "Fantasma da Ópera" de Gaston Leroux, e o tempera com um toque visual do clássico da Universal, "O Gato Preto"(1934) .

O filme é estrelado por Carlos Villarías (1892- 1976), que havia interpretado "Drácula" (1931) na versão espanhola do famoso filme de Tod Browning , e sim, seu personagem aqui também lembra a atuação de Bela Lugosi...um pouco menos histriônico . Em um papel secundário atua o futuro diretor René Cardona, de quem falaremos bastante mais tarde...

https://www.youtube.com/watch?v=gLMYOFsbO9Q

"El baúl macabro" (1936) de Miguel Zacarías

O Dr. Renan (Ramón Pereda), é um médico local muito querido, que deseja curar sua esposa da doença mortal que a está definhando lentamente, então, com a ajuda de Mozabu (Enrique Gonce) seu assistente de laboratório corcunda, ele rouba os corpos de jovens garotas mortas do hospital para extrair delas o que precisa.

É apenas uma questão de tempo até que ele precise de mulheres vivas, então, a bela Alicia (Esther Fernández) , filha do superintendente Monroy ( Manuel Noriega), será o próximo alvo...

O depois prolífico e premiado produtor Miguel Zacarías (1905- 2006), dirigiu aqui um precursor da longa série de filmes de terror classe 'b' americanos com cientistas loucos da década de 40, estrelados por Karloff, Lugosi, ou John Carradine. Mas, estamos no México, alguns anos antes, e o herói da história, o Dr. Armando del Valle, foi vivido por...René Cardona...

https://www.youtube.com/watch?v=8Z7ymeI8Nuw

Em 1936, Juan Bustillo Oro dirigiu o drama histórico / terror "Nostradamus" , sobre a terrível vingança do místico Nostradamus (Carlos Villarías) contra os responsáveis pela morte de seu pai na fogueira, acusado de bruxaria. O filme também foi lançado na Espanha em 1937, como "El capitán buen revés", mas aparentemente é uma mídia totalmente perdida hoje.

"El Signo de la Muerte" (O Signo da Morte, 1939) de Chano Urueta

O estimado antropólogo Dr. Gallardo (Carlos Orellana) , descendente do povo Nahua, deseja ressuscitar o filho da lendária divindade asteca Quetzalcoatl. Para isso, ele precisa oferecer quatro virgens em sacrifício humano.

Eventualmente, seu atrapalhado assistente, e guia no museu que administra, Cantinflas (Mario 'Cantinflas' Moreno), descobre seu plano, e a polícia invade o local secreto de sacrifícios dos adoradores astecas.

A primeira mistura mexicana de terror e comédia, com muito suspense, e cenas cômicas moderadamente engraçadas e repletas de clichês.

Por um lado, o filme é surpreendentemente sangrento para a época, e em uma cena (durante o segundo sacrifício de uma virgem) chega a mostrar um seio nu (algo completamente impensável no cinema de Hollywood da época)...

O então jovem ator Mario "Cantinflas" Moreno (Fortino Mario Alfonso Moreno Reyes , 1911-1993 ) foi uma das maiores estrelas da história do cinema mexicano, um comediante e herói popular, cujo nome artístico, como substantivo, significa 'palhaço adorável' e, como verbo, 'falar demais e dizer pouco'. Ele participou de apenas um filme nos EUA — "A Volta ao Mundo em 80 Dias" (1956) — mas mesmo assim tem uma estrela na Calçada da Fama em Hollywood.

https://www.youtube.com/watch?v=gklZ4wlUuhU

Nos anos 1940, a indústria cinematográfica mexicana expandiu e se profissionalizou mais, mas possivelmente pelos horrores reais da Segunda Guerra Mundial, foram tempos dedicados a comédias, musicais e melodramas românticos.

"La herencia de la Llorona" (1946) de Maurício Magdaleno, foi uma sequência profundamente decepcionante, 'apenas no nome' , do clássico "La Llorona" de 1933.

Um jovem casal precisa adiar o casamento porque eventos inexplicáveis estão se acumulando na fazenda onde a noiva e sua família moram.

Um homem dado como morto, retorna repentinamente à propriedade, enquanto a avó insiste que os estranhos acontecimentos são obra do fantasma da 'mulher que chora'. Na realidade, porém, duas figuras sinistras estão usando a antiga lenda para encobrir seus próprios crimes.

"La herencia de la Llorona" é, na melhor das hipóteses, um suspense de terror levemente divertido, sem qualquer suspense real ou tensão dramática, e com algumas cenas cômicas irritantes.

https://m.ok.ru/video/7062147173037

Nos anos 50 e 60 o país 'ressuscitou' o terror clássico e começou a produzir muitos filmes do gênero! O país entrou na década de 1950 com força total, começando com o excelente "El hombre sin rostro" (O Homem sem Rosto, 1950)... também dirigido por Juan Bustillo Oro.

Juan Carlos ( Arturo de Córdova) é um médico legista que tem um colapso mental, e abandona seu trabalho por medo de um assassino desconhecido de prostitutas, chamado de 'O Mutilador'.

O psicólogo o Dr. Eugenio Britel (Miguel Ángel Ferriz), decide hipnotizá-lo para tratar seu medo irracional. Em seu sonho, Juan Carlos descobre o assassino e o mata, apenas para perceber que seu rosto não tem feições.

Outras mulheres são mortas, e Britel investiga o passado de Carlos, e seus traumas. Outro sonho aterrorizante induzido, revela uma segunda e perigosa personalidade...

Utilizando novamente elementos do expressionismo, surrealismo, filme noir, junto com psicanálise e simbolismo onírico, Oro criou um filme muito à frente de seu tempo. Uma mistura de thriller policial e terror, com um psicopata dominado pela mãe, uma década antes do famoso "Psicose" de Hitchcock. Seu uso do surrealismo e de cenários sinistros e distorcidos para penetrar em uma mente perturbada ocorreu 15 anos antes de "Repulsion" , de Roman Polanski .

O filme foi indicado ao Leão de Ouro no Festival de Veneza e ganhou o prêmio Ariel ( o 'Oscar' mexicano) de Melhor Trilha Sonora, composta por Raúl Lavista.

https://www.youtube.com/watch?v=3AEhXXvNARU

"El monstruo resucitado" (O Monstro Ressuscitado, 1953) de Chano Urueta

O Dr. Hermann Ling (José María Linares-Rivas), é um cirurgião plástico, que ficou deformado, e louco. Ele se apaixona pela repórter Nora (Miroslava Šternová), mas, temendo ser rejeitado, usa seu conhecimento científico para ressuscitar Ariel (Carlos Navarro), um jovem que havia cometido suicídio.

Transplantando um novo cérebro para Ariel, ele ordena que capture Nora . No entanto, Nora e Ariel se apaixonam, e 'o monstro ressuscitado' se rebela contra seu mestre.

Parcialmente inspirado em "Frankenstein" (1932) , da Universal, foi a entrada no gênero do veterano Chano Urueta (Santiago Eduardo Urueta Sierra, 1904 – 1979), que logo se transformaria em um mestre do fantástico mexicano.

Além da direção de câmera evocando os ângulos expressionistas, e uma inspirada e sinistra iluminação, o filme (também escrito por Urueta), faz uma inversão nos clichês - aqui, é o cientista louco que é disforme (maquiagem que lembra muito o "Fantasma da Ópera de Lon Chaney), enquanto sua criação tem boa aparência...

https://cinespacemonster.blogspot.com/2024/02/el-monstruo-resucitado-aka-revived.html

*** Em 1952, Chano Urueta escreveu e dirigiu o filme "La bestia magnífica", com Miroslava Stern, Crox Alvarado, Wolf Ruvinskis e Irma Dorantes. Um premiado (oito prêmios Ariel) drama de ação e romance, sem elementos de fantasia, mas de muita importância, porque foi a obra que deu início ao gênero cinematográfico da Lucha Libre ( luta livre ), que se tornaria uma das mais populares vertentes do cinema de terror mexicano.

"La bruja" (1954) de Chano Urueta

Uma mulher extremamente feia, apelidada 'a bruxa' (Lilia del Valle ), é transformada pelo cientista Dr. Boerner (Julio Villarreal) em uma beleza espetacular.

Ele planeja usar a mulher como vingança contra inescrupulosos empresário farmacêuticos, que roubaram a fórmula de um antibiótico que ele havia criado, e foram responsáveis pela morte de sua filha.

A mulher, antes abusada e desfigurada, obedece de bom grado a todas as suas ordens, mas, a fórmula que a transformou tem efeito temporário...

Uma fábula de terror sombria, dirigida por Chano Urueta a partir de uma história original de Alfredo Salazar (Abel Salazar García , 1917 - 1995) , que lembra os filmes de cientistas loucos dos anos 1940, com um tempero melodramático típico mexicano...e nenhuma bruxa...

https://m.ok.ru/video/6923862870701

"Ladrón de cadáveres" (Ladrão de Cadáveres, 1957) de Fernando Méndez

O capitão Carlos Robles ( Crox Alvarado ) está investigando o assassinato de diversos lutadores do México, cujos corpos são encontrados com sinais de cirurgias cerebrais . Sem pistas, ele elabora um plano para transformar seu velho amigo Guillermo Santana (Wolf Ruvinskis), na próxima grande estrela da lucha libre, o mascarado 'El Vampiro', e usá-lo como isca para o assassino insano.

Os crimes são orquestrados pelo 'Professor' (Carlos Riquelme), um cientista louco, e os assassinatos são cometidos pelo seu capanga bruto, Cosme (Yerye Beirute). As vítimas são levadas para o laboratório do Professor, onde seus cérebros são trocados pelos de macacos. O objetivo é criar um exército de super-homens, mas, em vez disso, suas cobaias têm morrido na mesa de cirurgia...

Mas, apesar dos esforços da força policial, o vilão consegue envenenar Guillermo no estádio de luta livre, e o leva para o laboratório, onde troca seu cérebro com o de um gorila, finalmente conseguindo sucesso. Guillermo agora adquire super força e se torna um zumbi sob controle telepático. O Professor envia Guillermo para matar no ringue, e depois de arremessar seu oponente na plateia como um boneco de pano, ele sai do controle, arranca a máscara revelando um rosto monstruosamente mutado e ataca o público, que foge em pânico.

O Professor o confronta, mas não consegue mais controlar sua criação, que se transforma em um monstruoso homem - gorila, e o empala em uma estaca na parede.

"Ladrón de Cadáveres", é um marco no cinema mexicano, sendo o primeiro filme a combinar a luta livre mexicana com terror, sci-fi, e monstros. O elenco conta com algumas das figuras que se tornariam muito importantes no cinema de Lucha Libre - o próprio Wolf Ruvinskis (Wolf Ruvinskis Manevics, 1921-1999), que começou como 'luchador', e depois virou ator, participando de inúmeros filmes do gênero...

.... os lutadores Lobo Negro ( Guillermo Hernández ), e Crox Alvarado; e Yerye Beirute, que se especializou em viver assistentes corcundas e/ou brutamontes, e monstros variados. O filme foi um sucesso no México, e foi distribuído internacionalmente...

https://www.youtube.com/watch?v=4oiadAO24Ys

Antes mesmo do filme estrear, o ator e produtor Abel Salazar sentiu que ele seria um sucesso, e tratou de encomendar um novo trabalho no gênero para Fernando Méndez , que mais tarde, no mesmo ano, dirigiria "El Vampiro" (O Morcego, 1957)

A jovem Marta Gonzalez (Ariadna Welter) vai visitar a tia enferma, na pequena vila de Sierra Negra, onde viveu seus primeiros anos. Junto vem um viajante que conheceu na estação de trem, o jovem médico Enrique (Abel Salazar). Ela encontra a mansão da família quase em ruínas, e a influência maléfica do rico vizinho, Sr. Duval (Gérman Robles).

Acontece que Duval é um vampiro que se alimenta da população local, e está tentando ressuscitar um ancestral vampiro há muito morto, o Conde Karol de Lavud, que foi executado em 1840 e cujo corpo é mantido em uma cripta na masmorra da propriedade.

Em paralelo, Maria Teresa ( Alicia Montoya ), a tia recém falecida de Marta, foi na verdade enterrada viva, e escapa de seu túmulo como uma louca delirante, e acaba lutando contra sua irmã (Carmen Montejo), que foi transformada em vampira...

Comumente descrito apenas como 'Drácula em uma fazenda mexicana', "El Vampiro" , tem no entanto detalhes diferentes e interessantes, como a subtrama inspirada em E.A.Poe, que faz com que a 'tia louca' seja a 'Van Helsing' da história, já que o pretenso herói Dr. Enrique, é apenas um boboca...

Com seu vampiro sedutor e com longas presas, e um ótimo clima gótico na iluminação e cenografia, o filme foi um enorme sucesso, foi destaque em diversas publicações de cinema internacionais, e abriu as portas para o terror mexicano...

https://www.youtube.com/watch?v=PD75ts4bFkQ

"El Jinete sin cabeza" (1957) de Chano Urueta

Na pequena cidade mexicana de San Joaquin, coisas estranhas estão acontecendo. Vários cidadãos proeminentes desaparecem, e suas famílias se recusam a cooperar com as autoridades depois de receberem uma caixa misteriosa. O proprietário de terras, Herminio González (Salvador Lozano), é o mais recente desaparecido, sequestrado por uma gangue de bandidos sinistros que andam vestidos com túnicas de monge e máscaras de caveira.

O irmão de Lozano, Dom Álvaro (Crox Alvarado), aguarda notícias enquanto sua sobrinha Juloeta (Patricia Nieto) é atormentada por pesadelos com uma presença fantasmagórica. As autoridades locais pedem ajuda, mas o auxílio chega de maneira inesperada…um lendário pistoleiro com uma velocidade capaz de sacar a arma mais rápido que qualquer um, e sem cabeça...

O primeiro de uma trilogia de filmes mexicanos que se concentra nas aventuras de El Jinete ('O Cavaleiro'). Os filmes foram feitos em sequência, todos lançados com poucos meses de diferença e compartilham vários membros do elenco e o mesmo diretor, Chano Urueta.

Todos são uma mistura peculiar de elementos sobrenaturais ,faroeste e musical. Apesar de no final ser revelado que El Jinete é Reinaldo (Luis Aguilar), um agente do governo que veio limpar a cidade, e usa uma capuz preto, o roteiro de Ramón Obón ainda apresenta outros elementos de terror - roubos de cadáveres, uma velha emparedada dentro da casa da família, e uma mão desencarnada à solta, que surge debaixo de uma mesa, rasteja, e ataca um dos monges malignos...

https://www.youtube.com/watch?v=IC5L7LZeXGk

"La marca de Satanás" (1957) de Chano Urueta

Um assassino mascarado (Fernando Osés), portando um grande machado, mata inocentes e causa desastres. Aparece 'El Charro' (Luis Aguilar) para investigar. Sua chegada se torna o catalisador para mais acontecimentos estranhos - um criado da família, é morto a machadadas na floresta, mas retorna como um zumbi; aparece o fantasma de uma das vítimas; e o grande machado sai de sua caixa e voa por aí por conta própria.

Uma sequência confusa e um tanto desorganizada de 'O Cavaleiro Sem Cabeça' , agora com El Jinete sendo chamado de El Charro, mas vestindo as mesmas roupas brancas e utilizando a mesma técnica investigativa, com um capuz preto que o faz parecer sem cabeça.

"La cabeza de Pancho Villa" (1957) de Chano Urueta

O cowboy cantor Reynaldo (Luis Aguilar), e seu parceiro atrapalhado Pascual (Pascual García Peña) encontram um culto de encapuzados que procura uma caixa que pode conter a cabeça do herói mexicano Pancho Villa. Uma primitiva cadeira elétrica ligada a um para-raios, uma figura fantasmagórica de cabelos longos, esqueletos em um pântano e o aparecimento rápido do 'Jinete sin cabeza' (Fernando Osés); na última e mais fraca parte da trilogia...

"El pantano de las ánimas" (Swamp of Lost Souls, 1957) de Rafael Baledón

Uma pequena vila mexicana está lidando com a morte de um homem, vítima de uma peste, e também com o desaparecimento de seu corpo. Agora, seu irmão e um amigo 'detetive caubói' Gastón (Gastón Santos ) partem para enfrentar a gangue que matou o homem e quer o dinheiro do seguro.

Mas, existe uma complicação: um monstruoso homem- peixe que está aterrorizando ao redor do infame 'pântano das almas perdidas', que os moradores locais acreditam ser habitado pelos espíritos dos mortos.

Roteiro de Ramón Obón, veículo para famoso (no México) cavaleiro e toureiro Gastón Santos. Mistura bizarra de western com terror (muito comum no México), e uma criatura ao estilo "Monstro da Lagoa Negra", que ao estilo 'Scooby-Doo', é revelado ser um dos vilões disfarçado e com uma roupa de mergulho...

https://www.youtube.com/watch?v=_xWMJdoCxF4

"La Momia Azteca" ( A Múmia Asteca, 1957) de Rafael Portillo

O Dr. Eduardo Almada (Ramón Gay) testa suas teorias sobre vidas passadas, hipnotizando sua noiva Flor (Rosita Arena), filha de seu mentor e amigo Dr. José Sepúlveda (Jorge Mondragón).

Flor revela que foi uma jovem asteca chamada Xochitl, destinada a morrer em sacrifício ao deus Tezcatlipoca, a maior honra para seu povo.

No entanto, ela deveria permanecer virgem, mas, em vez disso, apaixonou-se pelo guerreiro Popoca (Ángel Di Stefani). O casal foi punido- Popoca foi enterrado vivo e amaldiçoado, e Xochitl apunhalada e enterrada no mesmo túmulo ao lado de seu amado.

Para provar a história, Almada organiza uma expedição em busca da tumba de Xochitl, enquanto é seguido de perto, pelo misterioso vilão mascarado El Murciélago, (Luís Aceves Castañeda), e seus capangas.

Ao retirarem um artefato da pirâmide/ túmulo (que seria a chave para a localização de um tesouro), a múmia de Popoca revive, e procura por Flor, que ele sabe ser a reencarnação de Xochitl, e acaba massacrando os bandidos que estavam em seu caminho...

O produtor Guillermo Calderón, e o escritor mexicano Alfredo Salazar, (irmão de Abel Salazar), desenvolveram esse projeto, Inspirados fortemente na série da Múmia, da Universal, dos anos 1940; substituindo os antigos egípcios pela cultura asteca .

Calderón também concebeu a ideia do filme como o primeiro de uma trilogia com a múmia Popoca, filmada consecutivamente para reduzir custos e tempo.

O filme ficou bastante popular, depois que o diretor/produtor americano Jerry Warren adquiriu os direitos de diversos filmes de terror mexicanos. Um deles era "La Momia Azteca", do qual ele removeu partes importantes e as substituiu por atores americanos, seguindo seu próprio roteiro. Ele lançaria seu 'novo' filme de terror diretamente na TV em 1963, como "Attack of the Mayan Mummy" ...

https://www.youtube.com/watch?v=N6F8mAqlSqg

" La Maldición de la Momia Azteca" (A Maldição da Múmia Asteca, 1957) de Rafael Portillo.

O malvado Dr. Krupp (Luis Aceves Castañeda), também conhecido como El Murciélago, escapa da polícia, e tenta mais uma vez se apoderar dos artefatos que revelam a localização do tesouro asteca.

Krupp e seus capangas enfrentam o Dr. Almada (Ramón Gay), seu assistente pacato, Pinacate (Crox Alvarado), e um misterioso super-herói/ lutador mascarado chamado El Ángel.

O Dr. Krupp sequestra Flor (Rosa Arenas), e tenta forçar Almada a traduzir os hieróglifos que revelariam a localização secreta do tesouro. Enquanto revela-se que o intelectual, Pinacate, era o homem por trás da máscara do 'Anjo', Popoca (Ángel di Stefani), a múmia guerreira, invade o laboratório do doutor louco...

.... mata seus capangas e o joga, aos gritos, em um fosso cheio de cobras vivas. Popoca pega seus artefatos roubados e cambaleia de volta para seu túmulo...

https://www.youtube.com/watch?v=I_5HRjrqjoM

"La Momia Azteca contra el Robot Humano" (1958) de Rafael Portillo

O terrível Dr. Krump (Luis Aceves Castañeda), conseguiu escapar do fosso das serpentes onde foi jogado pela múmia Popoca (Ángel di Stefani) , e continua seus esforços para roubar o valioso tesouro asteca.

Krupp constrói um poderoso robô com cabeça e cérebro humanos , para usá-lo para destruir a múmia caso ela retorne para frustrar seus planos.

O antigo colega de Krupp e descobridor original da múmia, Dr. Eduardo Almada (Ramón Gay), sua agora esposa Flora (Rosa Arenas), e seu auxiliar Pinacate (Crox Alvarado), unem forças para impedir que o cientista louco conclua seus planos. Claro que, a múmia e o robô se enfrentam, e Popoca ganha uma ajuda dos heróis para destruir seu inimigo metálico...

O segredo da trilogia foi acrescentar elementos novos e populares em cada capítulo. No primeiro, além da múmia, havia o vilão mascarado estilo anos 1940. Na segunda parte tivemos o herói El Ángel , flertando com os filmes de Lucha, e na terceira, ficção científica, com o robot /ciborgue de lata, com cabeça humana, e que gera choques elétricos!.

Grande parte do filme é uma recapitulação dos eventos das duas primeiras partes, reaproveitando as cenas originais. Este é o último filme da série original "La Momia Azteca", mas, o personagem se mostrou 'poderoso', e retornaria em outros filmes sem relação direta ...

https://archive.org/details/TheRobotVs.TheAztecMummylaMomiaAztecaControElRobotHumano1958-

"El ataúd del vampiro" (O Ataúde do Vampiro, 1958 ) de Fernando Méndez

O Dr. Marion (Carlos Ancira) contrata um criminoso (Yerye Beirute) para roubar o caixão do vampiro Conde Lavud (Germán Robles) de uma cripta.

No hospital do a estaca de madeira é retirada do coração do Conde, que logo começa a perseguir Marta (Ariadna Welter), que trabalha lá como enfermeira...

Cabe ao atrapalhado médico Dr. Enrique (Abel Salazar) perseguir o vampiro, que se esconde em um museu de cera...

...e matá-lo na hora que se transforma em morcego...

Seis meses depois de "El Vampiro", o mesmo produtor (Salazar), diretor (Méndez), roteirista (Ramón Obón) e três atores principais interpretando os mesmos papéis (Robles, Salazar e Welter), rodaram essa sequência nitidamente mais barata, e com um roteiro caótico, mas, igualmente interessante.

Lavud tem agora um medalhão com poderes hipnóticos, e mostra seu dom de invisibilidade...

O espanhol Gérman Robles ( Germán Horacio Robles San Agustín (1929 - 2015 ) fez sua longa carreira de ator e dublador (cinema e TV) no México, onde é comparado com Bela Lugosi e Christopher Lee!

https://museucoffinsouza.blogspot.com/2025/10/horror-stars-6.html

https://www.youtube.com/watch?v=0qcpTi52ji0

"El castillo de los monstruos" ( 1958) de Julián Soler

O cientista louco Dr. Sputnik (Carlos Orellana) e seu assistente corcunda, El Cojo ( Guillermo Orea), se divertem criando monstros. O médico se passa por um homem cego na cidade, e usa hipnose para atrair a bela costureira Beatriz (Evangelina Elizondo).

O atrapalhado agente funerário Clavillazo (José Antonio Espino Mora) com a ajuda de seus amigos, entra no castelo pra salvá-la, e são perseguidos por vários monstros. Há o mordomo chamado 'Frentenstein', um lobisomem ( Vicente Lara)...

...uma múmia, um homem peixe (claramente modelado em "O Monstro da Lagoa Negra"), uma besta primitiva mantida em uma cela, e um vampiro...interpretado por Gérman Robles, com o mesmo visual de seu 'Conde Lavud'...

Comédia de terror, primeira das inúmeras produções mexicanas 'inspiradas' por "Abbott & Costello Meet the Monsters" (1948).

ver mais em : https://museucoffinsouza.blogspot.com/2024/12/monster-mash-quando-os-monstros-se.html

"Misterios de la magia negra" (Os Segredos da Magia Negra, 1958) de Miguel M. Delgado

Em um teatro, Eglé Elohim (Nadia Haro Oliva), acompanhada no palco por seu assistente peludo e de orelhas pontudas, Kerobal (Carlos Ancira), é a atração principal. Seus números de mágica, que incluem curas milagrosas, hipnotismo e transmutação de objetos são o maior sucesso.

O professor Eladio Tejeda (Carlos Riquelme) dedica seu tempo ao estudo de livros antigos sobre conhecimentos esquecidos e à pesquisa sobre o misticismo, com a ajuda de sua dedicada secretária, Laura (Angelines Fernández). Ao aceitar o convite de sua filha, María (Lulú Parga), e seu noivo, Raúl (Aldo Monti), para uma noite no teatro, ele descobre que Eglé está usando encantamentos reais da magia negra do século XV, feitiços conhecidos apenas por um seleto grupo de estudiosos como ele.

Ela admite ser descendente direta da bruxa Eilith , principal discípula do famoso feiticeiro Urbano Gali.

O que ele não suspeita é que ela tem mantido o feiticeiro, como uma múmia viva em seu porão pelos últimos 400 anos...

O veterano Miguel M. Delgado (1904-1994) já havia feito uma comédia com elementos de terror "El fantasma de la casa roja" (1956), mas aqui, não entrega nenhum alívio cômico, ou os tradicionais números musicais. Como curiosidade, Angelines Fernández, que faz a secretária do professor, ficaria conhecida como a 'doña Clotilde', 'a bruxa do 51' dos seriados "Chespirito", e "Chaves"...

https://rarefilmm.com/2018/10/misterios-de-la-magia-negra-1958/

"El hombre que logró ser invisible" (O Caso do Homem Invisível, 1958) de Alfredo B. Crevenna

Carlos (Arturo de Córdova ) é condenado à prisão por um assassinato que não cometeu.

Graças a um soro inventado por seu irmão Luís (Augusto Benedico), ele consegue ficar invisível e escapar da prisão para provar sua inocência.

No entanto, o soro tem efeitos colaterais inesperados que o levam à loucura e ao delírio. Ele mata Luís, e passa a terrorizar sua ex amante Beatriz (Ana Luisa Peluffo )...

Policial noir, sci-fi e terror baseado no romance de H.G. Wells, e quase uma 'cópia carbono' de "The Invisible Man Returns" (1940), com Vincent Price .

O diretor Alfredo B. Crevenna (Alfredo Bolongaro Crevenna, 1914-1996), nasceu em Frankfurt, Alemanha, estudou física e química na universidade, o que o levou a colaborar com pesquisadores da Agfa, tornando-se um dos pioneiros da fotografia colorida. Fugiu do nazismo, e no México passou a dirigir comédias e melodramas. Com seu conhecimento de efeitos óticos, foi escolhido para dirigir o 'homem invisível mexicano', e mais tarde seria responsável por vários híbridos de terror - lucha libre...

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"El Zorro Escarlata" / " El Zorro escarlata en la venganza del ahorcado" (1958) de Rafael Baledón

Luis (Luis Aguilar) e seu amigo Pascual (Pascual García Peña) , chegam a uma aldeia onde Tomás García (Jaime Fernández ) está sendo executado publicamente. Ele é enforcado por assassinato, e, enquanto seu corpo é deixado exposto como um aviso, é roubado durante a noite. Sua mãe (Fanny Schiller ), uma bruxa, usa magia negra para ressuscitar o filho. Retornando em uma forma monstruosa (cabeça deformada e mão enormes) e controlado pela mãe, o morto vivo ataca todos os que participaram de sua morte. As vítimas são encontradas estranguladas com um lenço ou uma corda.

Enquanto isso, Luis se sente atraído pela bela Glória (Irma Dorantes ) e tenta conquistá-la, mas é difícil convencê-la, enquanto ele finge ser um covarde para investigar as ações do monstro sob sua identidade secreta de Zorro Escarlata.

A situação se complica ainda mais quando Glória é sequestrada pelo monstro e levada para o esconderijo da bruxa, para ser sacrificada...

Mais um herói 'ranchera' criado para o 'caubói cantante' Luis Aguilar. O filme, que mistura western, terror, comédia e (muita) música, é dividido em três partes: "El Hijo de la Bruja" , "La Soga del Ahorcado" e "El Secreto del Resucitado" ...