sexta-feira, 23 de agosto de 2024

O Cinema Fantástico & O Louco Mundo de Jesús/Jess Franco

       


JESÚS FRANCO:

"Com mais do que 180 longas-metragens em seu nome, Jesús Franco foi único no campo do Cinema Europeu. Fã de jazz, leitor ávido de literatura popular (Leroux, Poe, Wallace), cinéfilo apaixonado (de Orson Welles a Jean-Luc Godard), e um notório amante do erótico, Franco roteirizou, musicou e filmou pelo menos dois terços de seus filmes, bem como os dirigiu, além de desempenhar uma série de papéis principais e preencher uma infinidade de funções técnicas e artísticas neles.  Em seu prolífico trabalho - em seu apogeu, ele fazia entre sete e dez filmes por ano - o lixo  convive com o artístico."

     (Lucas Balbo em * "Obsession: The Films of Jess Franco")


"Acho que não fiz bons filmes. Apenas fiz alguns filmes mais desagradáveis do que outros."

“Não creio que tenha feito nada de importante ou magnífico. Sou um trabalhador e o que prefiro na minha vida é o cinema."

" Os homens do cinema que eu mais admiro ? Bem, 48 diretores americanos, que fizeram filmes entre os anos 30 e os 70..."

                                 Jesús Franco






Jesús Franco Manera nasceu em Madrid, Espanha em 12 de maio de 1930, em uma família de origem cubana e mexicana , que tinha entusiastas por música clássica, filósofos, críticos e escritores - uma família de 'super-intelectuais', como ele dizia. Seus parentes o consideravam a 'ovelha negra' da família, e seus sobrinhos falavam dele como 'o pobre tio Jesús'. Queriam que ele se tornasse um diplomata, mas o jovem Franco tinha outras ideias. 



Apaixonado por jazz e piano desde cedo, ele largou seus estudos de direito e filosofia, e estudou música no Conservatório Real de Madrid e no Instituto Ramiro de Maeztu, antes de embarcar na carreira cinematográfica. Estudou então no Instituto de Investigaciones y Experiencias Cinematográficas de Madrid e no Institut des Hautes Études Cinématographiques de Paris; mas a música nunca deixou sua vida, ou ficou longe de sua obra.  

Durante esse período, sem o apoio familiar, ele se sustentou trabalhando como pianista em boates, dirigindo peças de teatro, e escrevendo romances populares sob o pseudônimo de 'David Khune', que mais tarde ele adotou como um de seus (muitos) pseudônimos de diretor.



Franco começou sua carreira em 1954 (aos 24 anos) como assistente de direção na indústria cinematográfica espanhola, desempenhando diversas tarefas, incluindo compor músicas para alguns filmes e também co- escrever vários roteiros. Auxiliou diretores como Joaquín Luis Romero Marchent , León Klimovsky e Juan Antonio Bardem . Depois de trabalhar em mais de 20 filmes para outros diretores, ele decidiu começar a dirigir sozinho em 1957, fazendo alguns documentários; uma comédia ("Tenemos 18 Anõs, 1959),  e em 1960 um thriller policial (misturado com comédia e musical) chamado "Labios Rojos" / "Red Lips" .


Nesse pequeno filme, Franco introduziu duas de suas favoritas personagens, as belas e sensuais detetives/ladras 'Red Lips', que voltariam a aparecer em outras obras suas durante os anos. O filme, depois de exibições na Espanha e França, na época, desapareceu, e só seria lançado em mídia física em 2014, graças a uma cópia encontrada em uma cinemateca em Madri.




         https://www.youtube.com/watch?v=edFiPmu6Xt4


Depois do musical burlesco "Vampiresas" 1930 (1961)...

... Franco começou um longo relacionamento profissional com o produtor 'B' francês Marius Lasouer (1910-2003), da Eurociné, passando a fazer inúmeros filmes em co-produções franco-espanholas, como o seminal "Gritos en la Noche" / "L'horrible Dr. Orlof" (O Terrível Dr. Orloff, Esp/Fr 1962).



Na Paris do início de 1900, o inspetor de polícia Edgar Tanner  (Conrado San Martín) investiga uma série de sequestros de belas mulheres em boates. O criminoso é o Dr. Orloff (Howard Vernon), um cientista que quer reparar o rosto desfigurado de sua filha com enxertos de pele de outras mulheres, contando com a ajuda de um capanga cego e 'zumbificado' chamado Morpho (Ricardo Valle).



Orloff foi o primeiro filme de terror dirigido por Franco, e a primeira de muitas colaborações subsequentes com o ator suíço-alemão Howard Vernon (15 de julho de 1908 - 25 de julho de 1996, nascido Mario Walter Lippert). Franco reutilizaria os personagens Orloff e Morpho em muitos de seus filmes posteriores.


Um dos primeiros exemplos do gênero terror gótico na Espanha, e um dos pilares do Fantaterror - o cinema fantástico espanhol . Inspirado no sucesso do filme francês "Les Yeux Sans Visage" (Os Olhos Sem Rosto, 1959) de Georges Franju (que elevou o subgênero de terror 'cirurgião plástico assassino' ao nível artístico), com pequeno orçamento, e alguma nudez feminina. Amado e odiado pela crítica com a mesma intensidade, "Gritos en la Noche" foi lançado internacionalmente (com diferentes títulos), e fez bastante sucesso. 


                   https://ok.ru/video/3137544522425


 Depois do filme policial, "La Muerte Silba un Blues", o próximo projeto de Jesús Franco foi a adaptação de um romance que já havia escrito sob o pseudônimo de David Khune: "La Mano de un Hombre Muerto" (The Sadistic Baron Von Klaus /La Bestia del Castello Maledetto/ O Sádico Barão Von Klaus, Esp/Fr 1962). 

Na Alemanha, um jornalista (Fernando Delgado) é enviado à uma pequena cidade para investigar a lenda local sobre o nobre Barão Von Klaus, que supostamente se levanta periodicamente da tumba e mata jovens mulheres.  À medida que mais vítimas aparecem, ele começa a suspeitar que o atual Barão Von Klaus  (Howard Vernon) esteja por trás dos assassinatos...




Produzido por Franco, Jose Lopez-Brea e Marius Lesoeur; apresentou a primeira trilha sonora do compositor Daniel White para Franco, e permitiu para o diretor suas primeiras experimentações com ângulos e movimentos de câmera. Filmado em preto e branco no norte da Espanha, é um dos seus filmes de terror gótico mais diretos, e também demonstra que Franco era perfeitamente capaz de fazer filmes convencionais e bem construídos, e fazê-los extremamente bem, se ele escolhesse fazê-lo...


Este é também o início do foco 'sado-sexual' de Franco, que nos anos posteriores ele levaria a algumas áreas fascinantemente perversas. Isso foi alguns anos antes de os padrões de censura serem abertos em todo o mundo, permitindo uma representação muito mais livre da nudez. Então é surpreendente que temos aqui uma cena em que o assassino leva uma mulher para sua masmorra e depois fica com ela, e onde a vemos de topless na cama antes dele acorrentá-la e matá-la com uma espada. 


     https://rarelust.com/the-sadistic-baron-von-klaus/



Aclamado pelos fãs do gênero terror, logo ele se tornou inimigo da ditadura de Francisco Franco e teve múltiplos problemas com a censura cinematográfica. Porém, as boas críticas recebidas por suas obras desse período inicial não se concretizaram em ajuda financeira para que pudesse continuar. Ele se exilou e continuou trabalhando no exterior.
Fora da Espanha, Franco encontrou apoio de produtores que lhe permitiram praticar todos os tipos de gêneros: comédia, drama, musicais e até pornografia. Seu conhecimento de inglês permitiu-lhe trabalhar com o grande Orson Welles em "Chimes at Midnight" (1965)...
...  'Orson Welles queria encontrar um diretor para a segunda unidade de Chimes at Midnight. (...) Em Paris alguns amigos mostraram-lhe fragmentos de La Muerte Silba un Blues e alguns de Gritos e la Noche.' 

                      (Franco em entrevista na RTVE da Espanha)

Passando por todo o tipo de dificuldades, Jesús Franco só tinha dinheiro suficiente para o estoque de filmes e parte do elenco para seu próximo filme. Graças à gentileza de amigos e outras pessoas, ele conseguiu rodar -  "El Secreto del Dr. Orloff" / "Dr.Orloff's Monster"/ "As Amantes do Dr. Jekyll" (Esp/ Fr 1964)



A jovem Melissa (Agnès Spaak) viaja de sua pequena cidade na Áustria para o sombrio castelo de seu tio Dr. Conrad Jekyll (Marcelo Arroita Jáuregui) em Holfen para passar o natal com ele e sua tia Inglud (Luisa Sala).



O pai de Melissa, Andros, morreu misteriosamente na casa de Conrad há algum tempo atrás, e ela quer informações sobre o fato. Depois ela se encontra com Conrad em seu laboratório, onde ele faz experiências secretas sinistras.



No passado, Andros e Inglud tiveram um caso amoroso e Conrad os surpreendeu e matou seu irmão. Agora, Conrad transformou Andros (Hugo Blanco) em um zumbi assassino controlado por rádio frequência e  que usa ele para matar.
O inspetor Klein (Pastor Serrador) está investigando as mortes mas não tem nenhum pista. Será que Melissa irá descobrir a verdade sobre seu pai?



Desta vez, a sombra do Dr. Orloff foi lançada sobre o Doutor Conrad Jekyll, um de seus alunos, a quem foram enviados os segredos do uso do ultrassom para animar sua criação zumbi.



Apesar do orçamento apertado, a fotografia em preto e branco e o trabalho de câmera são de primeira, e a trilha sonora de Daniel White é perfeita para a atmosfera do filme.




"Miss Muerte" / "Dans les Griffes du Maniaque" / "O Diabólico Doutor Z" (Esp/Fr 1964), foi então dirigido por Jesús Franco, a partir de roteiro próprio, co-adaptado com Jean-Claude Carrière.


Quando o Doutor von Zimmer (Antonio Jiménez) morre de ataque cardíaco depois que seus experimentos com o cérebro humano - tentando 'curar' mentes criminosas- foram rejeitados por uma junta médica...



... sua filha Irma (Mabel Karr) o vinga, usando suas técnicas de controle mental para possuir a mente e o corpo de 'Miss Muerte' (Estella Blain), uma artista exótica de boate.

 
A dançarina hipnotizada (vestida com uma máscara de caveira e uma roupa sexy reveladora) mata os médicos que Irma culpa pela morte de seu pai, cortando suas gargantas com suas longas unhas envenenadas, até que o inspetor de polícia Tanner ( Jesús Franco) e o namorado de Miss Muerte (Fernando Montes) a rastreiam. 



Um dos filmes mais bem escritos e coerentes de Franco , graça a ajuda do escritor e roteirista  Jean-Claude Carrière, que trabalhava com Luis Buñuel. Mesmo assim, a obra é puro Franco, com seus elementos costumeiros : médio louco, vingança doentia, assassino controlado como zumbi, cirurgia cruel, cenas em boates, e claro, uma bela fêmea fatal e sensual. 



Howard Vernon faz um pequeno papel como o primeiro médico vítima de 'Miss Muerte', e o compositor Daniel J. White vive o inspetor auxiliar de Tanner/Franco.

                  https://archive.org/details/miss_muerte


Franco realizou então três filmes policiais/ação em sequência: "Cartas Boca Arriba"/ Atack of the Robots" (Esp/Fr 1966), com um agente (Eddie Constantine) investigando uma série de crimes cometidos por assassinos 'robotizados' por uma organização de espionagem internacional; "Residencia para Espias "/ "Golden Horn" (Esp/Al 1967), novamente com Constatine, agora um agente secreto americano combatendo espiões na Turquia, e "Lucky, el Intrepido" / 'Agente Speciale L.K." (Esp/Ita/Al 1967), um divertido 'Euro-Spy' ao estilo James Bond, e com clima de historia em quadrinhos...




Então veio o filme com o qual 'Tio Jess' ganhou o seu primeiro reconhecimento internacional :  "Necronomicon- Geträumte Sünden" / "Succubus" ( Al 1967) 



Lorna Greene (Janine Reynaud), uma dançarina de uma boate de Lisboa que, aos poucos, é influenciada pela personagem que interpreta em uma performance sadomasoquista. Suas apresentações terminavam com assassinatos simulados, mas ela vai aos poucos perdendo a noção do que é realidade. À medida que ela começa a sofrer pesadelos violentos e surreais, sugere-se que Lorna pode estar sob controle mental de um homem que pode ser a encarnação de Satã.... 



Originalmente intitulado "Os Olhos Verdes do Diabo", "Necronomicon" foi o primeiro filme que Franco fez fora de seu país natal. Frustrado com a pesada censura imposta na Espanha na época, optou por buscar apoio financeiro alemão (com Adrian Hoven e Pier Caminnecci da Aquila Films, que também atuam no filme) e filmou em Berlim e Lisboa. 


"Necronomicon" deve ser visto mais como uma experiência sensorial do que como um filme com qualquer tipo de significado definido. O roteiro às vezes parece improvisado; o ator Jack Taylor afirmou que Jesús continuamente acrescentava algo ao roteiro durante as filmagens, mas, assim como a música jazz na trilha sonora (do austríaco Friedrich Gulda ), o resultado é hipnótico. O filme oferece uma sensação única e consistente de travessia entre mundos reais e irreais, um aspecto consciente e outro subconsciente...



Graças a liberdade criativa recebida (e talvez estar um pouco fora de controle), Franco foi capaz de alcançar um novo nível de erotismo surreal  que consegue transcender os limites rígidos do filme de terror e se tornar algo pouco convencional, um traço característico que seria ser desenvolvido em muitos dos seus melhores trabalhos daqui em diante.



O filme foi exibido em feiras comerciais no 17º Festival Internacional de Cinema de Berlim em 1967, e, após a exibição, ele recebeu boca a boca substancial por suas sequências surreais de sexo e terror. 




Lançado na Alemanha Ocidental em abril de 1968, foi um sucesso financeiro, e foi adquirido pela American International Pictures e lançado nos Estados Unidos sob o título "Succubus". 


    https://www.youtube.com/watch?v=NorIKfiriMs


A mesma dupla de produtores (Hoven e Caminecci) contrataram Franco para dirigir dois filmes diferentes ao mesmo tempo, algo que se tornaria comum em sua filmografia. "El Caso de las Dos Bellezas" / Rote Lippen" / Sadisterotica" (Esp/Al 1967)...


A ladra mascarada 'Red Lips' /Diana (Janine Reynaud) invade e rouba uma pintura de um negociante de arte. Ela e sua parceira Regina (Rossana Yanni)  foram contratadas por um empresário para encontrar a modelo que posou para o quadro, e foi sequestrada. 


 A dupla Red Lips fica obcecada em encontrar o enigmático Karl Tiller (Adrian Hoven), o artista que fez a pintura.  Em suas investigações fica aparente que Tiller é o assassino, pintando as modelos e depois permitindo que sejam mortas pelo monstruoso Morpho (Michel Lemoine), que ele mantém como animal de estimação ...


Franco fez uma de suas deliciosas e divertidas 'saladas', com uma trama que tem suspense, comédia, assassinatos, policial, horror, um plot-twist maluco, e, é claro, erotismo. As 'Red Lips' apareceram originalmente em "Labios Rojos" de 1960, mas eram outras personagens e atrizes. O 'monstro' Morpho (que lembra um lobisomem com poucos pelos) reapareceria em outras histórias suas e de forma diferente...


     https://rarelust.com/two-undercover-angels-1969/


"Bésame, Monstruo" / "Kiss Me Monster" (Esp/Al 1967)



Então, a ruiva Diana (Janine Reynaud) e a loira Regina (Rosanna Yanni), da Agência de Detetives Red Lips, estão de volta do exterior, onde faziam uma turnê de strip tease tocando saxofone (!?!...sim, é um filme do Tio Jess) e se meteram com novas encrencas. 



  A polícia está esperando por elas e o inspetor Kramer (Barta Barri) quer uma prestação de contas de suas atividades. Bem, elas se viram envolvidas em uma aventura misteriosa envolvendo a fórmula de um cientista louco desaparecido para criar seres humanos sem a necessidade da reprodução clássica. Infelizmente, os clones bonitões os 'monstros') que ela fabrica são todos corpos sem cérebro - Andros (Gregorio de Mora) e seu irmão podem matar muito bem e seguir ordens simples, mas em termos de comunicação, eles só são capazes de grunhir como animais...



Bem, acontece que há um monte de facções interessadas em adquirir a fórmula do cientista desaparecido. Um culto assustador de membros que usam capuzes pontiagudos e mantos de seda (satanistas??) liderados por Anführer der Abilenen (Carlos Mendy)....



 ...uma espiã maliciosa chamada Irina (Marta Reves), um durão e seu companheiro de fala mansa, o cirurgião experimental Jacques Maurier (Michel Lemione) e, finalmente, agentes da Interpol. Cada um deles parece se revezar na captura de uma ou ambas as garotas Red Lips, fazendo as mesmas perguntas sobre o que elas sabem, e acabam mortos, traídos ou enganados por outras facções ou pelas próprias adoráveis... ​​​​Red Lips.


Paródia de espionagem internacional e ação-aventura com ficção científica e erotismo. "Kiss Me Monster" é mais do mesmo, com ainda menos sentido do que o filme anterior - uma bagunça colorida, sem sentido, descolada e musical.


        https://rarelust.com/kiss-me-monster-1969/


Franco entrou na 'lista negra' da A.S.D.R.E.C., a associação/órgão oficial dos diretores espanhóis, por conta de "Necronomicon" que foi erroneamente considerado um 'filme pornográfico rodado na Espanha' - foi filmado em Portugal e na Alemanha! Então ele atendeu um chamado do produtor independente britânico Harry Alan Towers, para dirigir:

"The Blood of Fu Manchu / Der Todeskuss des Dr. Fu Man Chu / Fu-Manchú y el Beso de la Muerte" ( Fu Manchu e o Beijo da Morte, Esp/Al/Uk, 1968)


O quarto filme da série baseada no vilão criado por Sax Rohmer ficou sem diretor, porque Don Sharp, que havia sido escalado, pulou fora do barco.  (*ver: https://museucoffinsouza.blogspot.com/2024/04/o-sinistro-dr-fu-manchu.html

 Franco assumiu um filme 'B', mas com produção muito superior ao que estava acostumado, e com um elenco internacional e profissional - com o astro do terror da Hammer Christopher Lee no papel principal.


Filmado parcialmente no Brasil, tem a participação da brasileira Isaura de Oliveira, que vive a 'nativa' Yuma, que faz uma longa cena de dança selvagem e erótica...


...e o divertido bandido 'estilo mexicano' Sancho Lopes (Ricardo Palácios), que aparece vestido como...cangaceiro!


Com Tio Jess no comando, a aventura mistura terror, fantasia, western, sadomasoquismo e nudez...


Além de seus toques estilísticos, como ângulos estranhos de câmera, e muitas tomadas de zoom...


https://wipfilms.net/women-in-captivity-2/the-blood-of-fu-manchu/


Aproveitando a estadia no Brasil, Franco e equipe rodaram:

"Die Sieben Männer der Sumuru" / "La Ciudad Sin Hombres" / "Rio 70" (A Garota do Rio/ Sumuru- O Beijo da Morte, Al/UK/USA 1968)

No coração da selva Amazônica, Sumuru (Shirley Eaton) reina na cidade de Feminia, habitada somente por mulheres, e arquiteta um plano para libertar o mundo do domínio dos homens.


O detetive Jeff Sutton (Richard Wyler) chega ao Rio de Janeiro na pista da filha sequestrada de um banqueiro, e descobre que ela está nas mãos da terrível e linda vilã...


Sequência de "The Million Eyes of Su-Muru" (O Milhão de Olhos de Su-Muru, UK 1967) de Lindsay Shonteff, com a sensual super-vilã oriental também criada por Sax Rohmer. Produção de Allan Towers, filmada em Barcelona e no Rio de janeiro, incluindo diversas tomadas do carnaval de rua, e diversos atores brasileiros em papeis secundários.  Apesar das restrições do orçamento, o filme conta com cenários e figurinos 'futuristas' e boas cenas de ação...


                https://ok.ru/video/1167067384500


"El Castillo de Fu-Manchu"/ "Di Folterkammer des Dr. Fu Man Chu"/ Castle of Fu Manchu" (O Castelo de Fu-Manchu, 1968)



Quinto e último filme da serie de Alan Towers (*), com Chris Lee, e segundo dirigido por Franco.  Filmado na Turquia, com menos elementos de sexo e sadismo, e uma trama de sci-fi bem ao estilo dos filmes de James Bond. Um orçamento ainda menor que o anterior, com cenas de efeitos especiais 'roubadas' de outros filmes, e algumas tomadas de Christopher Lee como Fu-Manchu reaproveitadas dos outros filmes da série.



Além de ser o filme mais distante da obra original de Sax Rohmer, "O Castelo de Fu Manchu" é lento e um pouco monótono. Salva-se a atuação sempre forte de Chris Lee, algumas belas atrizes da trupe de Franco (Maria Pershy, Rosalba Neri), e algumas de suas loucas experimentações estilísticas ...


https://rarelust.com/sax-rohmers-the-castle-of-fu-manchu-1969/


Lançado em 1969, "99 Women" /"99 Mujeres" (99 Mulheres, Esp/Al/IT/UK, 1968) foi o primeiro filme WIP (Women In Prison/ Mulheres na Prisão) dirigido por Jesús Franco e não é nada como você esperaria de um filme de... Jess Franco, ainda mais com esse tema!


O roteiro é o básico do gênero- mulheres são condenadas e aprisionadas em uma antiga fortaleza na costa do Panamá, onde são violentamente tratadas pela carcereira sádica Thelma Diaz (Mercedes McCambridge).  
Embora o filme contenha alguma nudez, sexo e violência, não é muito exploitation, e não é nada que você não veria em um filme censurado padrão. Existem diversas edições diferentes em cada língua lançada, inclusive uma versão alemão com cenas de sexo explícito, que não foram rodadas por Franco, e não contam com nenhum membro do elenco original. Participação das lindas Maria Schell, Rosalba Neri, Maria Rohm, Luciana Paluzzi, e o grande Herbert Lom como o corrupto Governador Santos...



Ainda com a produção de Harry Allan Towers, Franco embarcou em seu primeiro filme baseado na obra do notório escritor francês Marquis de Sade...

"Marquis de Sade: Justine" /"Justine and Juliet" / "Justine: Ovvero le Disaveventure della Virtú" (Santuário Mortal, UK/It/Al 1968)



França, Séc 18.  As irmãs órfãs Juliette (Maria Rohm) e Justine (Romina Power) são expulsas de um convento quando o dinheiro acaba e, pela primeira vez precisam viver sozinhas no duro mundo exterior. Juliette encontra abrigo no acolhedor bordel de Madame de Buisson (Carmen de Lirio) aonde apreende rapidamente a utilizar sua beleza para subir na vida. 



Ao mesmo tempo a também bela Justine escolhe o caminho da virtude , e terá que lidar com um desfile quase interminável de vilões pervertidos e degenerados que reivindicarão não apenas sua insignificante fortuna, mas também sua preciosa virtude e sua vida. 



Como resultado, a inocente Justine, humilhada, acusada injustamente de um roubo e colocada de joelhos, inevitavelmente questiona sua vida de retidão, castidade e sofrimento... 

Alegadamente, foi o filme mais caro de Franco até o momento, o que pode explicar como ele conseguiu reunir um elenco bastante impressionante; Jack Palance (que tem uma atuação verdadeiramente excêntrica como o sádico maníaco sexual 'Brother Antonin'), Klaus Kinski (como o próprio Marquês de Sade)...



... Akim Tamiroff, Mercedes McCambridge, Sylvia Koscina, Howard Vernon, e a musa Rosalba Neri...



Apesar de raramente ter sido exibido em sua versão completa de duas horas, se tornou um dos filmes mais populares de Jesús Franco em todos os tempos. Em parte por conta de seu elenco estelar, e também porque ele conseguiu vender para o público em geral (foi amplamente divulgado -inclusive no Brasil- como sendo um filme de terror), uma obra do muito difamado Marquês de Sade, e que era do perfeito agrado de seus fãs - apesar de ser contido tanto no sexo quanto na violência...

"Eu acho muito estimulante fazer amor com alguém que sei que, logo vai estar morta".

                                  Horst Frank em "Santuário Mortal"



      https://www.youtube.com/watch?v=rHmO7M2iLs4


"Venus in Furs" / "Black Angel" / "Paroxismus" ( Vênus em Fúria, UK/USA/IT/Al. 1969)


Em Istambul, o músico de jazz Jimmy Logan (James Darren) encontra seu trompete enterrado na areia, e logo vê uma mulher no mar e puxa o corpo para a areia.


Ele a reconhece como sendo  Wanda Reed (Maria Rohm), uma bela mulher que ele viu em uma festa sádica do playboy Ahmed Kortobawi (Klaus Kinski), onde ela foi  chicoteada e estuprada por Ahmed e seus amigos Percival (Dennis Price), e Hermann (Paul Muller)...



Jimmy viaja para o Rio de Janeiro ara ficar com sua namorada brasileira Rita (Barbara McNair),  e tocar com um conjunto de jazz em uma boate. 



Uma noite, Wanda Reed vem ao clube e Jimmy fica obcecado por ela. Logo ele deixa Rita e fica com Wanda. Neste meio tempo, os participantes da festa/orgia passam a ser mortos um por uma, por uma mulher vestida apenas em seu casaco de peles. 



Quando a polícia procura a mulher, Jimmy descobre um segredo perturbador sobre Wanda e ele...


 "Venus in Furs" é um fascinante thriller erótico sobrenatural e surreal sobre o amor inatingível. O filme (que Franco gostava de chamar apenas de "Black Angel" ) tem apenas uma semelhança superficial com o romance de 1870, 'Venus in Furs', de Leopold von Sacher-Masoch . O título e os nomes dos personagens do roteiro original de Franco foram alterados para os do romance por razões comerciais pela AIP/Allan Towers.  O ator/músico americano James Darren (1936-) fez filmes de aventura e romance, e era muito conhecido na época por conta da série de TV "O Túnel do Tempo" (1966-1967).  A bela atriz austríaca Maria Rohm (Helga Grohmann, 1945-2018) foi casada com o produtor Harry Allan Towers de 1964 até a morte dele em 2009, e foi a 'musa' de Franco nessa fase. 



          https://www.dailymotion.com/video/x8xn768

                   




                           CONTINUA.............





FONTES:

                            Livros:


- "Obsession- The Films of Jess Franco" de Lucas Balbo, Peter Blumensock, Christian Kessler & Tim Lucas (Graf Haufen & Frank Trebbin , Berlin/Al 1993)


- "Immoral Tales- European Sex and Horror Movies" de Cathal Tohill & Pete Tombs (St.Martin's Griffin, UK 1995)

- "The Sleaze Merchants- Adventures in Exploitation Filmmaking" de John Mc Carthy (St.Martin's Griffin, NY 1995)



                                WEB 🕸

-IMDB

-Wikipédia

- MORIA Reviews- https://www.moriareviews.com/

- The Bloody Pit of Horror - https://thebloodypitofhorror.blogspot.com/

- El Franconomicon - https://franconomicon.wordpress.com/

- Last Road Reviews- https://lastroadreviews.wordpress.com/tag/jess-franco/

 - https://robertmonell.blogspot.com/

- At the Mansion of Madness - http://atthemansionofmadness.blogspot.com/search/label/Jess%20Franco








Um comentário:

  1. Excelente postagem!Do grande diretor de cinema ao qual sou muito fã Jesus Franco ,dos filmes que tenho dele em minha humilde acervo de filmes destaco esses : " O TERRIVEL DR.ORLOFF" , "AS AMANTES DO DR.JEKYLL", tenho eles lançado em DVD pela Vinny Filmes ," SUCCUBUS" lançado pela a Continental Home Vídeo , " GAROTA DO RIO " , & " 99 MULHERES" tenho ambos lançados pela Continental Home Viídeo, '"SANTUÁRIO MORTAL " tenho ele em VHS lançado pela TransVídeo e por último " VÊNUS EM FÚRIA'' tenho ele DVD lançado pela Continental Home Vídeo, esperamos ansiosos os próximas postagens dele ,pois ele fez muitos filmes ate o final da sua vida fazendo o mesmo em câmera digital ,ele era realmente muito apaixonado por cinema mesmo com a idade avançada e com pouco recurso ele ainda fazia seus filmes,um abraço de Spektro 72.

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